Os duelos de artilharia entre Gaza e Israel prosseguiram nesta quinta-feira (11), pelo terceiro dia consecutivo, com um balanço de 29 mortos, incluindo crianças, no enclave palestino, e um no Estado hebreu.
A explosão da violência, a mais significativa entre Gaza e Israel desde agosto de 2022, começou na terça-feira com ataques israelenses contra o movimento Jihad Islâmica, considerado “terrorista” por Israel, UE e Estados Unidos.
O Egito iniciou um esforço de mediação entre Israel e a Jihad Islâmica, enquanto a União Europeia pediu “um cessar-fogo imediato que ponha fim às operações militares de Israel em Gaza e ao inaceitável lançamento de foguetes contra Israel”. Uma fonte ligada ao grupo islamita revelou que está em discussão no Egito “uma fórmula final de um cessar-fogo”.
Pouco antes da meia-noite, o Exército de Israel informou que prosseguia com seus ataques contra a Jihad Islâmica. Os Estados Unidos, por sua vez, pediram a todas as partes “garantir que sejam evitadas as mortes de civis e que a violência seja reduzida”, enquanto o secretário-geral da ONU reiterou que acompanhava “com grande preocupação a perigosa escalada em Gaza e Israel”.
Nesta quinta-feira, um homem morreu em Rehovot, ao sul de Tel Aviv, e várias pessoas ficaram feridas depois que um foguete caiu em um prédio residencial, segundo a polícia e os serviços de emergência.
Em Gaza, controlada pelo movimento islâmico Hamas, o Ministério da Saúde relatou 29 mortos desde terça, entre eles crianças, e mais de 80 feridos.
Também morreram combatentes da Jihad Islâmica e da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), informaram os dois grupos armados.
Jornalistas da AFP testemunharam numerosos ataques israelenses contra Gaza e lançamentos de foguetes contra o território israelense ao longo do dia.
Nas localidades adjacentes à Faixa de Gaza, as sirenes de alerta soavam em intervalos regulares.
O Exército afirma que 25% dos foguetes disparados da Faixa de Gaza caíram nesse território e mataram quatro pessoas, três delas menores de idade. O Exército israelense declarou ter atacado 191 alvos em toda a Faixa de Gaza, incluindo os locais de lançamento de foguetes da Jihad Islâmica.
No hospital Al-Shifa, em Gaza, Suhail Al Masri, 32 anos, veio ver seu filho ferido em um ataque. “Se não fosse por isso, não teria saído de casa, porque a situação é muito perigosa”, comentou à AFP.
“Israel está bombardeando de todos os lados e os lançamentos de foguetes da resistência não cessaram”, acrescentou.
Por sua vez, a Jihad Islâmica afirmou que “os assassinatos israelenses não ficarão impunes” e que “todas as opções estão sobre a mesa”, enquanto o Hamas destacou que a “resistência está unificada”.
O Irã, que apoia a Jihad Islâmica, denunciou as “atrocidades dos sionistas” e prometeu a “derrota” do “regime de ocupação”, segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Naser Kanani.
“Esta manhã, eliminamos o responsável pelos ataques com foguetes da Jihad Islâmica em Gaza, e há uma hora eliminamos o seu adjunto”, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, referindo-se a Ali Ghali e Ahmed Abu Daqqa, líderes da organização palestina.
“Já disse antes: quem nos atacar arrisca sua vida e quem o substituir arrisca sua vida”, disse ele durante uma visita a uma base militar.
A Faixa de Gaza, um pequeno território devastado pela pobreza e pelo desemprego, onde 2,3 milhões de palestinos vivem sob o bloqueio israelense, tem sido palco de várias guerras com Israel desde 2008.
Mohammed al-Hindi, secretário do departamento político da Jihad Islâmica, viajou para o Cairo hoje, indicou à AFP uma fonte da organização palestina, que não quis ser identificada. Já uma fonte egípcia disse à AFP que uma fonte de segurança do Cairo chegaria a Tel Aviv para discutir o cessar-fogo com autoridades de Israel.
Na cidade israelense de Rehovot, Ran Lev, 82 anos, contou que estava no quarto andar de um prédio atingido por um foguete. “Ouvi a sirene e percebi que tinha 90 segundos para chegar ao abrigo”, conta. “O prédio foi atingido” antes, mas “eu saí (…) e estava tudo bem”.
Em agosto de 2022, três dias de confrontos entre Israel e a Jihad Islâmica terminaram com 49 palestinos mortos, incluindo 19 crianças, de acordo com a ONU. Mais de mil foguetes foram lançados de Gaza contra Israel e três pessoas ficaram feridas.
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