As mudanças climáticas já estão afetando a economia e, segundo as previsões, o pior está por vir em meados do século, mesmo que a humanidade consiga reduzir as emissões de gases do efeito estufa, de acordo com o esboço de um relatório do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC), ao qual a AFP teve acesso exclusivo.

Confira algumas conclusões importantes sobre os impactos econômicos do relatório do Grupo de Trabalho 2 do IPCC:

– Globais –

Eventos climáticos extremos – ciclones, secas, inundações – já reduziram o crescimento econômico, tanto no curto prazo, especialmente nos países em desenvolvimento.

– O dano econômico global médio causado por inundações nas últimas décadas foi em média de 50 a 350 bilhões de dólares por ano, dependendo dos métodos de cálculo.

– No pior cenário, com um aumento da temperatura da superfície da Terra de 4ºC acima dos níveis pré-industriais, o PIB global poderia cair de 10% a 23% em comparação com um mundo sem aquecimento.

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– As tempestades intensificadas pelo aumento do nível do mar ameaçam mais de 40% das usinas nucleares de todo o mundo que operam na costa.

– Quase 14% das praias arenosas do mundo podem enfrentar uma erosão severa até 2050 sob um cenário de emissões moderadas de gases do efeito estufa, causando enormes danos econômicos ao setor de turismo.

– África –

Calor e chuvas escassas adicionam obstáculos ao caminho de desenvolvimento da África.

– O PIB per capita da África teria sido quase 14% maior no período de 1991 a 2010 sem o aquecimento global causado pelo homem.

– Um declínio nas chuvas de 1960 a 2000 – atribuído em parte às mudanças climáticas – aumentou de 15% a 40% a brecha do PIB entre a África e o resto do mundo em desenvolvimento, especialmente em países dependentes da agricultura e da energia hidrelétrica.

– Os custos projetados de adaptação na África vão aumentar em dezenas de bilhões de dólares por ano se o aquecimento global exceder 2ºC.

– Limitar o aquecimento global a 1,5°C em vez de 2°C aumentaria o PIB per capita em 5% em quase todos os países africanos até o meio do século e em até 20% até 2100.

– Ásia-Pacífico –

A elevação do nível dos mares ameaça levar destruição a toda a região Ásia-Pacífico, de Bangladesh à China e à Austrália.

– No Sul da Ásia, espera-se que os impactos das mudanças climáticas relacionados à água reduzam o PIB de 0,9% a 2,5% até 2050 se o aquecimento global exceder 2ºC.


– A Ásia pode sofrer perdas diretas de quase 170 bilhões de dólares com apenas meio metro de aumento do nível do mar, com danos concentrados na China. O IPCC projeta que o nível do mar suba até 1,1 metro até 2100.

– Em Bangladesh, para evitar inundações causadas pela elevação do nível do mar, aproximadamente um terço das usinas de energia pode precisar ser realocado até 2030.

– Na Austrália, as perdas na agricultura e na produtividade do trabalho poderiam exceder os 14 bilhões de dólares até 2030 e 159 bilhões de dólares até 2050.

– Outras regiões –

O degelo no Ártico e outras calamidades climáticas assombram a Rússia, a Europa e os Estados Unidos.

– Danos causados por múltiplos riscos climáticos aos transportes, energia, indústria e infraestrutura social na Europa podem triplicar até 2030 e aumentar dez vezes até 2100.

– Na Rússia, quase 20% da infraestrutura crítica será danificada pela degradação do permafrost (camada do solo que passa todo o ano congelada) até 2050.

– No pior cenário de emissões, os danos econômicos anuais alcançarão centenas de bilhões de dólares nos Estados Unidos até 2090.

– Até meados do século, independentemente do cenário de emissões, estima-se que o degelo do permafrost na região do Ártico cause danos a cerca de 70% das infraestruturas.


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