A reunião ministerial do dia 22 de abril, apontada pelo ex-ministro Sergio Moro como uma das provas de interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal, está cercada por polêmicas. Interlocutores do governo apontam que um dos temas mais sensíveis foram as falas do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre a China. As informações são da colunista Bela Megale, do jornal O Globo.

Segundo participantes da reunião ouvidos pelo O Globo, Araújo culpou o país asiático pela pandemia e apelidou a Covid-19 de “comunavírus”. O chanceler teria dito que o novo coronavírus é uma “coisa da China” com o propósito de dominar outras nações.

No domingo (10), o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou Moro e o procurador-geral da República, Augusto Aras, a terem acesso à cópia da gravação em vídeo da reunião.

De acordo com o despacho, o acesso ao vídeo também foi autorizado à delegada Christiane Corrêa Machado, responsável pelo inquérito na PF, e ao advogado-geral União, José Levi, ou seu representante. O acesso ao vídeo foi concedido ainda a advogados do ex-ministro Sergio Moro e a representantes que podem ser indicados pelo procurador-geral da República.

Pela decisão, o acesso à gravação se dará apenas na sede da Polícia Federal, em Brasília. Caberá à delegada Christiane Corrêa Machado agendar para que as partes possam ir até a PF assistir ao vídeo, que será exibido apenas uma vez, na data marcada. O HD contendo o arquivo de vídeo será entregue à delegada, em envelope lacrado, pelo chefe de gabinete de Celso de Mello, Miguel Piazzi.

O ministro do STF ainda informou, no despacho, que vai decidir, em breve, sobre a divulgação pública, “total ou parcial”, do vídeo da reunião ministerial.