Erika Hilton pede impeachment de Tarcísio por defender tarifaço: ‘Ultrapassa limites’

Bancada do PSOL entrou com pedido na Alesp após governador defender tarifaço imposto por Trump ao Brasil; medida deve ser engavetada

Erika Hilton impeachment
Deputado federal Erika Hilton (PSOL-SP), em entrevista à ISTOÉ Foto: Katê Takai/ISTOÉ

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) defendeu o impeachment do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas admitiu que a proposta não deve passar pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). A declaração foi dada nesta quarta-feira, 22, à ISTOÉ.

Nesta semana, a bancada do PSOL na Alesp entrou com o pedido de impeachment de Tarcísio por defender o tarifaço de 50% anunciado pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump ao Brasil. Para a legenda, o chefe do Palácio dos Bandeirantes atacou a soberania nacional ao apoiar a medida.

Mesmo apoiando o texto, Erika acredita que a força da bancada governista no Legislativo estadual deve travar o pedido de impeachment. A deputada avalia que o governador errou ao tentar interferir nas negociações do governo federal e acredita que as medidas intermediadas pelo Bandeirantes não surtirão efeito.

“Eu acho que é uma dificuldade imensa, porque de fato todos os deputados estaduais, uma grande parcela do colegiado, está alinhado ao governador, então acabam desprezando o objeto do pedido e olhando para as relações pessoais que têm com o governador, e dificulta com que a gente consiga levar adiante temas que são relevantes”, afirma a parlamentar.

Nas redes sociais, Tarcísio tentou atrelar o tarifaço à imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto os bolsonaristas tentavam creditar a medida ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem se articulado junto ao Congresso dos EUA para aplicar sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do processo contra seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A publicação gerou repercussão negativa dos dois lados, desgastando a imagem do governador paulista, que tentou reverter o cenário se reunindo com o representante de Trump no Brasil para negociar uma medida para não afetar as empresas de São Paulo.

Entretanto, após os bombardeios sofridos pela base e pela oposição, Tarcísio se manteve quieto e não mais tocou no assunto do tarifaço. Nos bastidores, ele tem aguardado a “poeira abaixar” para retomar as agendas pensando nas eleições de 2026. O governador é o principal candidato para herdar o espólio de Bolsonaro na disputa pelo Palácio do Planalto no próximo ano.

À ISTOÉ, Erika afirma que Tarcísio ultrapassa os limites à frente do governo do estado e reforça a proteção que ele tem nos bastidores da Alesp. Entretanto, ela avalia que os efeitos sobre a imagem do governador poderão ser sentidos no pleito do próximo ano.

“O governador passa dos limites nos mais diversos cenários, mas consegue essa proteção dos seus amigos dentro da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo”.

“Mas ainda que seus amigos o protejam dentro da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a sociedade tem a possibilidade de compreender as gravidades praticadas pelo governador do Estado de São Paulo”, reforçou.

Impeachment de Tarcísio deve ser engavetado

À ISTOÉ, alguns aliados do governador garantiram que o pedido protocolado pelo PSOL deve ser engavetado pelo presidente da Alesp, André do Prado (PL). De acordo com eles, não há base para o pedido da oposição.

Além da força da base aliada que impede o avanço da proposta, há um motivo político por trás. André do Prado disputa com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), o favoritismo de Tarcísio na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes, caso o governador opte por disputar a presidência da República no ano que vem.

Para um aliado, uma cogitação hipotética de avanço do texto seria um “tiro no pé” do presidente da Alesp. Outro fator pontuado é que André tem sido o principal porta-voz de Tarcísio no Legislativo e não “trairia” seu principal aliado.