A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) acionou o Itamaraty neste domingo, 24, para pedir proteção à brasileira trans detida nos Estados Unidos.
Alice Barbosa, uma brasileira de 28 anos e mulher transexual, foi presa no país norte americano por agentes não identificados. Vídeos publicados em rede social mostram uma abordagem violenta. Segundo informações do jornal O Globo, Barbosa reside nos Estados Unidos há mais de cinco anos.
Erika pede que o Ministério das Relações Exteriores interceda pela “garantia dos direitos e integridade física” de Alice que, segundo a parlamentar, foi presa “de forma arbitrária, suspeita e violenta nos EUA”.
“Tudo, em desrespeito à Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada pelo Brasil e Estados Unidos, à Convenção Americana de Direitos Humanos e aos Princípios de Yogyakarta. E, como de costume da gestão Trump, a prisão também vai contra a própria constituição estadunidense que, em seus artigos V e XIV, determina que toda pessoa que esteja nos Estados Unidos, independente de ser cidadã ou não, tem direito ao devido processo legal e à proteção legal igualitária.”
Ela ressalta que é papel do Brasil zelar pelos brasileiros que estão no exterior e chama Trump de ditador.
“Obviamente, não acredito ser frutífero explicar aos EUA as ilegalidades cometidas por um projetinho de ditador com cor de doritos que, para prender imigrantes nos EUA, está reativando campos de concentração usados para prender japoneses na década de 40. Mas é papel do Estado brasileiro zelar pela proteção de pessoas brasileiras no exterior. E é papel do Itamaraty prestar apoio consular, jurídico e humanitário à Alice Correia Barbosa.”
Acabo de acionar o Itamaraty pedindo que intercedam pela garantia dos direitos e integridade física de Alice Correia Barbosa, uma brasileira trans que foi presa de forma arbitrária, suspeita e violenta nos EUA.
Tudo, em desrespeito à Declaração Universal dos Direitos Humanos,…
— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) August 24, 2025
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Como teria sido a prisão da brasileira?
Amiga da brasileira presa, Stefany Ramos relatou ao jornal O Globo que os agentes, à paisana, aproximaram-se do carro em que as duas estavam e se identificaram apenas com distintivos.
Eles então “forçaram o vidro do carro, abriram a porta de maneira agressiva, a algemaram e a empurraram para o veículo deles. Durante toda a abordagem, trataram-na de forma desrespeitosa, referindo-se a ela como homem, negando sua identidade de gênero e ignorando sua dignidade. Nenhuma documentação ou esclarecimento formal foi fornecido no momento da prisão”, disse.

Frame de vídeo da prisão de Alice Barbosa – Reprodução/Reddit
Preocupadas com a possibilidade de Alice ser transferida para uma unidade prisional masculina, as amigas expressaram seu repúdio à detenção. Em seu relato, Stefany Ramos reiterou a denúncia de tratamento transfóbico: “Denunciamos o tratamento violento, arbitrário e transfóbico sofrido por Alice Barbosa. Reiteramos que ela deve ser tratada com respeito, humanidade e reconhecimento de sua identidade de gênero, conforme garantem os direitos humanos universais e as leis americanas de proteção às pessoas LGBTQ+”.
Itamaraty
Procurado pela ISTOÉ, o Ministério das Relações Exteriores afirma que, por intermédio do Consulado-Geral do Brasil em Washington, tem conhecimento do caso e acompanha a situação em contato com as autoridades locais.
O Itamaraty ressalta que a atuação consular do Brasil “pauta-se pela legislação internacional e nacional”.
“Em atendimento ao direito à privacidade e em observância ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, o Ministério das Relações Exteriores não divulga informações pessoais de cidadãos que requisitam serviços consulares e tampouco fornece detalhes sobre a assistência prestada a brasileiros.”