O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, esteve nesta segunda-feira (22) em Bagdá, na sua primeira visita de Estado ao Iraque em mais de uma década com as questões da água, do petróleo e de segurança regional no centro da agenda.

O primeiro-ministro iraquiano, Mohamed Shia al Sudani, recebeu Erdogan em sua chegada ao aeroporto de Bagdá com uma grande cerimônia.

Esta visita ocorre em um momento de alta tensão no Oriente Médio, devido à guerra em Gaza e aos receios de uma escalada entre Israel e o Irã.

Erdogan e Sudani retomaram as posições tradicionais dos seus países, embora tenham destacado as questões sobre as quais poderiam colaborar.

Sudani saudou a assinatura de um “acordo-quadro estratégico” para “construir uma cooperação duradoura em todas as áreas” por meio de comissões permanentes sobre “segurança, energia e economia”.

Além da assinatura de 24 protocolos de entendimento, as reuniões centraram-se especialmente no Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK).

Durante décadas, a Turquia operou bases militares no norte do Iraque para combater este grupo rebelde, que Ancara e os seus aliados no Ocidente consideram uma “organização terrorista”.

O governo central de Bagdá e as autoridades curdas autônomas foram acusadas de tolerar as atividades militares da Turquia para proteger os laços econômicos com Ancara.

“Falamos sobre medidas comuns que podem ser tomadas contra o PKK e as suas extensões, que atacam a Turquia a partir do território iraquiano”, disse Erdogan, em uma conferência conjunta.

“Transmiti aos meus homólogos a minha firme convicção de que a presença do PKK em território iraquiano terminará mais rapidamente se for oficialmente declarado uma organização terrorista”, insistiu.

A água é outro tema de tensão, uma vez que as barragens construídas pela Turquia nos rios Tigre e Eufrates agravaram a escassez de água no Iraque.

Ambos os países assinaram outro acordo sobre esta questão com a duração de 10 anos, com o objetivo de “melhorar a gestão da água” dos dois rios, garantiu Sudani, para conseguir uma “administração comum e justa dos recursos hídricos”.

Também está na agenda a “Rota do Desenvolvimento”, um ambicioso projeto rodoviário e ferroviário de 1.200 km, que ligará o Golfo à Turquia, através do Iraque, até 2030.

Nesta segunda-feira, na presença de Erdogan e Sudani, quatro ministros representando o Iraque, a Turquia, os Emirados Árabes Unidos e o Catar assinaram um “memorando de entendimento quadripartite” sobre sua cooperação nesse projeto, de acordo com um comunicado de imprensa iraquiano.

Depois de Bagdá, o presidente turco viajará à noite para Erbil, capital da região autônoma do Curdistão.

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