LANÇAMENTO “Era uma Vez em Hollywood”
Quentin Tarantino
Ed. Intrínseca
Preço: R$ 49 (Crédito:Divulgação)

Quem trabalha com cinema sabe que a forma de escrever filmes mudou a partir do primeiro longa de Quentin Tarantino, “Cães de Aluguel”, de 1992. Roteiros sempre seguiram uma fórmula pragmática: uma página de texto no script correspondia a um minuto de imagens na tela. Com Tarantino, esse padrão foi por água abaixo: seus personagens falavam tanto que os diálogos não cabiam nas páginas designadas. Seu estilo verborrágico, portanto, seria mais adequado à liberdade da literatura. Três décadas depois, ele finalmente se rendeu: com muitas páginas a mais, adaptou o roteiro de seu filme mais recente, “Era uma Vez em Hollywood”, e o transformou em um romance.

“Pulp Fiction”

O diretor já anunciou que pretende realizar apenas dez filmes. Como essa produção é a nona de sua carreira, trata-se de seu penúltimo trabalho. A partir daí, ele planeja mudar de rumos na criação, dedicando-se ao teatro e à literatura. “Quando o assunto é cinema, acho que cheguei no fim da linha”, sentenciou. No livro, Tarantino segue o estilo que o consagrou nas telas: diálogos incisivos, citações sobre a época de ouro do cinema e muitas referências à cultura pop.

VERSÃO Pitt e DiCaprio: mais sombrios e profundos (Crédito:Divulgação)

Aos 58 anos, ele ainda respira sob a influência da “Pulp Fiction”, título do seu filme de 1994 que lhe rendeu um Oscar. Era baseado nas revistas com histórias policiais baratas e forjaram seu estilo violento e divertido. Pois é essa escola que segue em sua estreia literária. Os personagens do livro “Era uma Vez em Hollywood” são os mesmos do filme: o ator decadente Rick Dalton (Leonardo DiCaprio, no cinema) e seu dublê e melhor amigo, Cliff Booth (Brad Pitt). A história, porém, é um pouco diferente — sombria e com personagens mais profundos. O ambiente é o mesmo: a Hollywood de 1969. Como fez em “Bastardos Inglórios”, seu filme sobre a Segunda Guerra, Tarantino volta a desfilar personalidades reais (Bruce Lee, Sharon Tate, Charles Manson) entre seus personagens fictícios. Nesse mundo paralelo, a realidade é recriada não como aconteceu, mas como ele gostaria que tivesse acontecido. Como diretor ou escritor, Tarantino sonha com um mundo onde pode ser Deus — resta ao público se divertir com sua imaginação. Já que só temos mais um filme de Tarantino pela frente, que ele possa ser tão revolucionário nos livros como foi no cinema.