Era o Hotel Cambridge, de Eliane Caffé, foi o grande vencedor do 11º Fest Aruanda, disputado em João Pessoa. O longa, que mescla documentário e ficção para discutir o direito à moradia, recebeu também o prêmio da crítica (concedido pela Abraccine, a Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e o troféu Aruanda de melhor atriz para Suely Franco.

Emocionada, e imbuída do espírito coletivista do seu filme, Lili Caffé propôs que os festivais não fossem competitivos, pois não há sentido em comparar obras de arte. Ao receber seu troféu, pediu que todos os outros concorrentes presentes ao cinema subissem ao palco, para serem homenageados. O pedido foi atendido e a cerimônia final do Aruanda tornou-se uma festa democrática.

Divinas Divas, de Leandra Leal, recebeu o prêmio do público e o troféu de melhor direção. O filme fala, de maneira terna, sobre o universo das travestis.

O longa ficcional Canastra Suja, de Caio Soh, levou os troféus de melhor ator (Marco Ricca), ator coadjuvante (Pedro Nercessian) e melhor som. Deserto, de Guilherme Weber, venceu nas categorias de fotografia (do português Ruy Poças) e direção de arte (Renata Pinheiro). O inventivo Vermelho Russo, de Charly Braun, deu o troféu de melhor atriz coadjuvante para Maria Manoela, enquanto o documentário Silêncio no Estúdio, de Emilia Silveira, ficou com os troféus de melhor montagem e trilha sonora.

Foi uma premiação equilibrada, com alguns senões. Por que dar o prêmio de coadjuvante a Maria Manoela, se o seu papel é de protagonista? O prêmio de atriz ficaria melhor se dividido entre ela e Martha Novill, que fazem um dueto. Vermelho Russo também tem o roteiro mais inventivo e poderia ter sido premiado. Foi um vacilo do júri.

Já na premiação de curtas, o destaque é a tríplice coroa do divertido e politizado Quando Parei de me Preocupar com Canalhas, de Tiago Vieira, que recebeu o prêmio de melhor filme do júri oficial, o prêmio do público e o da crítica. É muito raro que isso aconteça.

Na noite de premiação, o grande homenageado foi o ator Antonio Pitanga, que teve o documentário sobre sua vida e obra, Pitanga, de Beto Brant, exibido para o público, antes da distribuição dos prêmios. A reação do espectador paraibano foi a mesma de outras plateias que têm visto o filme – entusiasmo diante de uma vida vivida com amor, amizade e talento. Pitanga é “o” cara. Grande ator do Cinema Novo e um brasileiro de bem com a vida. Em tempo de depressão nacional, não é pouca coisa. Depois da sessão, foi assediado por fãs e posou para centenas de selfies. Sempre com o sorriso aberto no rosto e o indefectível chapéu panamá na cabeça.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.