As equipes de resgate encontraram já nesta segunda-feira (20) um helicóptero que transportava o presidente iraniano Ebrahim Raisi, o ministro das Relações Exteriores do país e outras autoridades que aparentemente havia caído nas montanhas do noroeste do Irã no dia anterior.

Ao nascer do sol na segunda-feira, as equipes de resgate avistaram o helicóptero a uma distância de cerca de 2 quilômetros, disse o chefe da Sociedade do Crescente Vermelho Iraniano, Pir Hossein Kolivand, à mídia estatal. Ele não deu mais detalhes.

Um oficial iraniano informou à agência de notícias Reuters que, aparentemente, todos os que estavam a bordo morreram, mas a informação não foi confirmada oficialmente pelo governo iraniano. “Não há sinal de vida das pessoas que estavam a bordo”, disse a TV estatal.

O incidente ocorre no momento em que o Irã, sob o comando de Raisi e do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, lançou um ataque sem precedentes com drones e mísseis contra Israel no mês passado e enriqueceu o urânio mais perto do que nunca dos níveis de armas.

O Irã também enfrentou anos de protestos em massa contra a sua teocracia xiita devido a uma economia em dificuldades e aos direitos das mulheres – tornando o momento muito mais sensível para Teerão e para o futuro do país, à medida que a guerra Israel-Hamas inflama o Méio Oriente.

Raisi estava viajando pela província iraniana do Azerbaijão Oriental. A TV estatal disse que o que chamou de “aterrissagem forçada” aconteceu perto de Jolfa, uma cidade na fronteira com o Azerbaijão, cerca de 600 quilômetros a noroeste da capital iraniana, Teerã.

Viajando com Raisi estavam o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian, o governador da província iraniana do Azerbaijão Oriental e outros funcionários e guarda-costas, informou a agência de notícias estatal IRNA. Um funcionário do governo local usou a palavra “acidente”, mas outros referiram-se a uma “aterragem forçada” ou a um “incidente”.

Nem a IRNA nem a TV estatal ofereceram qualquer informação sobre a condição de Raisi nas horas seguintes.

Na manhã de segunda-feira, as autoridades turcas divulgaram o que descreveram como imagens de drones mostrando o que parecia ser um incêndio no deserto, que “suspeitaram ser destroços de um helicóptero”. As coordenadas listadas na filmagem colocam o incêndio a cerca de 20 quilômetros ao sul da fronteira entre o Azerbaijão e o Irã, na encosta de uma montanha íngreme.

A TV estatal transmitiu imagens de centenas de fiéis, alguns com as mãos estendidas em súplica, rezando no Santuário Imam Reza, na cidade de Mashhad, um dos locais mais sagrados do Islã xiita, bem como em Qom e outros locais do país. O principal canal da televisão estatal transmitiu as orações sem parar.

Em Teerã, um grupo de homens ajoelhados na beira da rua seguraram fios de contas de oração e assistiram a um vídeo de Raisi orando, alguns deles visivelmente chorando.

“Se alguma coisa acontecer com ele, ficaremos com o coração partido”, disse um dos homens, Mehdi Seyedi. “Que as orações funcionem e que ele retorne aos braços da nação são e salvo.”

A IRNA chamou a área de “floresta” e a região também é conhecida por ser montanhosa. A TV estatal transmitiu imagens de SUVs correndo por uma área arborizada e disse que estavam sendo prejudicados pelas más condições climáticas, incluindo fortes chuvas e ventos. Equipes de resgate podiam ser vistas andando no meio do nevoeiro.

Um helicóptero de resgate tentou chegar à área onde as autoridades acreditam que o helicóptero de Raisi estava, mas não conseguiu pousar devido à forte neblina, disse o porta-voz dos serviços de emergência, Babak Yektaparast, à IRNA. Tarde da noite, o Ministério da Defesa da Turquia anunciou que tinha enviado um veículo aéreo não tripulado e estava a preparando para enviar um helicóptero com capacidade de visão noturna para se juntar aos esforços de busca e salvamento.