As equipes de resgate intensificaram os esforços nesta quarta-feira (13) para ajudar as localidades do Marrocos devastadas pelo terremoto que matou mais de 2.900 pessoas, mas as esperanças de encontrar sobreviventes são cada vez menores, cinco dias após a tragédia.

O tremor, que afetou na sexta-feira (8) uma área da Cordilheira do Alto Atlas, ao sudoeste da cidade turística de Marrakech, também deixou 5.530 feridos, segundo o balanço oficial mais recente.

Diante da magnitude dos danos, o governo marroquino aceitou a ajuda da Espanha, Reino Unido, Catar e Emirados Árabes Unidos, que enviaram equipes de busca e resgate ao reino.

A Cruz Vermelha solicitou mais de 100 milhões de dólares (quase R$ 500 milhões, na cotação atual) para atender as necessidades mais urgentes, que incluem saúde, água, saneamento e higiene, depois de liberar um primeiro fundo de emergência.

O terremoto destruiu várias casas em vilarejos na montanha, de difícil acesso, onde 11 dos seus 200 habitantes morreram.

“Perdemos tudo”, disse Mohamed al Mutawak, um agricultor de 56 anos.

Em Amizmiz, localidade que fica a uma hora de viagem de Marrakech, militares distribuíram barracas aos desabrigados.

“Eu peço apenas um lugar para viver, um lugar digno para um ser humano”, disse Fatima Oumalloul, 59 anos.

– Fila de barracas –

Em Tarudant (sudoeste), foram instalados três pontos de ajuda, com alimentos, mantas e colchões, que estão sendo enviados por via terrestre ou por helicóptero, conforme o estado das rodovias.

“Estamos intervindo em muitos locais” onde “os veículos não podem chegar”, explicou o capitão Fahas Abdullah al Dosanri, da equipe catari de bombeiros.

Em Tikht, uma localidade onde morreram cerca de 60 pessoas, a população também recebeu ajuda, como, por exemplo, fraldas para bebês.

Apesar da ajuda, os sobreviventes estão preocupados com seu destino imediato e temem a chegada da chuva.

“As autoridades não nos disseram nada disso”, disse indignada Afrah Fuzia, de Tikht. “Dentro de pouco tempo, começará a chover, a fazer mais frio, e há muitas crianças aqui”, acrescenta.

O primeiro-ministro do Marrocos, Aziz Akhannouch, anunciou na segunda-feira que as pessoas que perderam suas casas serão indenizadas.

O Exército marroquino instalou hospitais de campanha para atender os feridos nas zonas isoladas, como na localidade de Asni, na província de Al Haouz, a pouco mais de uma hora de Marrakesh.

Nesta quarta-feira, as equipes governamentais prosseguiam com os trabalhos para liberar as rodovias que levam aos pequenos vilarejos montanhosos da província, indicou à AFP um responsável do ministério.

“Liberamos a estrada que segue até a cidade de Ighil, epicentro do terremoto, e ao vilarejo próximo de Aghbar”, afirmou.

O terremoto atingiu 7 graus de magnitude, segundo o Centro Marroquino para a Pesquisa Científica e Técnica, e 6,8 para o Centro Geológico dos Estados Unidos.

Este foi tremor mais forte já registrado no reino e o que provocou o maior número de vítimas em mais de seis décadas.

O papa Francisco, que visitou Marrocos em 2019, afirmou nesta quarta-feira que seus pensamentos estão com o “nobre povo marroquino”.

“Rezamos por Marrocos, rezamos por seus habitantes. Que o Senhor dê forças para que se recuperem”, afirmou o pontífice argentino.

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