Não é estranho que uma produção de Hollywood ganhe uma sequência. No entanto, poucos filmes recentes carregam tanta história de fundo – dentro e fora das telas – como “As Marvels”.

O primeiro filme exclusivamente feminino da extensa franquia de super-heróis da Disney, que chegou aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (9), não só acontece após as 32 obras cinematográficas anteriores da Marvel, mas também retoma a trama de duas séries de TV.

Brie Larson, que interpreta Carol Danvers em “Capitã Marvel”, recebe Monica Rambeau e Kamala Khan, que estrearam nos seriados da Disney+, respectivamente, em “WandaVision” e “Ms. Marvel”.

As três super-heroínas decidem unir forças depois que uma falha técnica as obriga a trocar de corpo involuntariamente toda vez que usam seus superpoderes.

Tais complexidades não são novidade nos filmes da Marvel, mas alimentam o crescente medo de que a audiência desenvolva uma “fadiga de super-heróis”. Um crítico da revista Variety chegou a descrever o desafio de estar em dia com as franquias como um “dever de casa”.

A diretora Nia DaCosta conta que a dificuldade do filme estava em atingir equilíbrio entre explorar as histórias de fundo das mulheres e avançar para novas e malucas aventuras no espaço sideral.

“Tentamos focar em honrar suas histórias”, disse. “O que precisamos ver nesta próxima fase para todos os personagens? e como equilibramos isso?”, indagou.

Fora das telas de cinema, “As Marvels” também enfrentaram batalhas difíceis. A obra precisou passar por quatro semanas de refilmagens e o lançamento foi adiado diversas vezes.

Nos bastidores surgiu a versão de que o chefe do estúdio Marvel, Kevin Feige, havia assumido as rédeas. A Variety chegou a publicar uma reportagem alegando que DaCosta havia abandonado o filme durante a fase de pós-produção.

A diretora desmentiu e falou à AFP, na primeira pessoa do plural, sobre o filme.

“Encontramos” – a diretora e a produção – a maneira de equilibrar os vários elementos da história do filme enquanto “desenvolvemos o filme” e “continuamos com o processo” de pós-produção, afirmou.

“Como qualquer outro filme, que talvez não tenha programas de televisão e filmes anteriores, a história é sobre três personagens que se unem, se encontram e se conectam pela primeira vez”, disse a produtora, Mary Livanos.

“Acho que as pessoas irão conseguir acompanhar e aproveitar a experiência da história”.

– “Irmãs” –

A greve dos atores de Hollywood, que finalmente parecia ter sido resolvida na quarta-feira (8), impediu estrelas como Larson e Samuel L. Jackson de promoverem o filme.

E embora “Capitã Marvel” (2019), estrelado por Larson, tenha arrecadado mais de US$ 1 bilhão (R$ 3,8 bilhões, na cotação de 2019) nas bilheterias, o filme sofreu ataques sexistas e um “bombardeio de críticas” nas redes sociais – um padrão repetido e amplificado com “As Marvels” e suas três protagonistas mulheres.

Analistas estimam que o novo filme atingirá cerca de US$ 60 milhões (R$ 293 milhões na cotação atual) nos cinemas americanos durante o fim de semana de estreia, um valor baixo para um filme da Marvel.

Apesar disso, Livanos observou que os filmes estrelados por mulheres geraram mais expectativas ao dominarem as bilheterias este ano.

“É realmente emocionante e parece muito oportuno lançar depois deste verão incrível com ‘Barbie’ e Taylor Swift, nos cinemas durante o outono” nos EUA, destacou. Ela espera que “o filme possa ampliar a força que este momento da cultura está tendo”.

Segundo DaCosta, a diretora mais jovem da Marvel, contratada aos 30 anos com um único título independente no currículo, a mensagem ressoa.

Sua primeira obra, “Passando dos Limites”, segue duas irmãs que lutam para escapar da pobreza, uma delas com um passado criminoso e uma gravidez indesejada, e que devem se reconectar para apoiar uma à outra.

“Foi assim que vi estas três protagonistas (…), três irmãs que precisam encontrar a se mesmas e umas às outras”, disse.

“No universo da Marvel, isso significa tornar-se um grande time de super-heroínas”, conclui a diretora.

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