O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, enviará uma delegação à fronteira com o México nesta quarta-feira (24), dado o aumento do fluxo de chegada de migrantes sem documentos – especialmente crianças – que o mesmo Executivo reconheceu como um “grande problema” diante das críticas de diversos setores.
A Casa Branca informou que os funcionários viajarão junto a uma delegação de congressistas para visitar um centro de migrantes em Carrizo Springs, no Texas, uma das instalações que está sob pressão para acomodar o crescente número de menores desacompanhados que chegam aos Estados Unidos.
A vice-presidente Kamala Harris reconheceu que os Estados Unidos precisam aumentar a capacidade de processar pedidos de asilo e acolher migrantes que fogem da pobreza, violência e desastres naturais na América Central.
“É um grande problema”, afirmou Harris em entrevista à CBS, na qual também comentou que o governo herdou uma estrutura muito danificada do governo anterior, que também defendia uma política muito agressiva contra a imigração irregular.
A vice-presidente foi encarregada pelo presidente da gestão da crise migratória na fronteira sul.
“Não consigo pensar em ninguém mais qualificado”, declarou Biden a repórteres em uma reunião na Casa Branca junto a Harris e os chefes dos Departamentos de Segurança Interna (DHS) e de Saúde.
“Ela aceitou liderar este esforço diplomático”, acrescentou, em alusão aos diálogos com o México e os países do Triângulo do Norte da América Central, de onde provém a maioria dos menores que chegam aos Estados Unidos.
Esta é a primeira missão que Biden encarrega à sua vice-presidente.
– Uma mudança parcial em relação à Trump –
O governo Biden reverteu as principais medidas que marcavam o plano de imigração de Donald Trump, como a política de obrigar os solicitantes de asilo a esperar no México pela solução do caso, mas toda a cadeia de comando do atual governo reiterou a mensagem de que este é não é o momento de migrar e que a fronteira está fechada.
No entanto, a promessa de Biden de manter uma política de imigração mais humana foi complicada pelo aumento na chegada de pessoas, o que coloca forte pressão na fronteira, embora o governo se recuse a rotular a situação como uma “crise”.
“Há crianças que aparecem em nossa fronteira fugindo da violência, fugindo da perseguição, de situações terríveis, mas não é uma crise”, anunciou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, nesta semana.
Para o senador republicano Ted Cruz, na “fronteira há uma crise que se agrava a cada dia” e isso é “resultado direto das decisões políticas do governo Biden”.
Em uma carta conjunta, o senador republicano John Cornyn e a democrata Krysten Sinema, membro da ala moderada do partido, apelaram a Biden para “tomar medidas agressivas para garantir a segurança das fronteiras, proteger as comunidades e garantir que os migrantes sejam tratados. De maneira justa e humana”.
As condições de detenção de crianças na fronteira preocupam muitos setores do Partido Democrata. Na semana passada, as autoridades dos EUA informaram que tinham 14.000 menores migrantes sob custódia, 9.562 a cargo do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) e cerca de 4.500 com a Patrulha de Fronteira (CBP).
Biden se reunirá nesta quarta-feira com Alejandro Mayorkas, chefe do Departamento de Segurança Interna (DHS), e com os diretores do Departamento de Saúde para analisar a situação.
Mayorkas informou que seu departamento está instalando abrigos temporários para receber menores e admitiu que o governo não respeita uma regra que estabelece que as crianças não podem ser presas por mais de 72 horas.
A Casa Branca anunciou que o Departamento de Saúde vai permitir o acesso à imprensa, mas de forma muito controlada, autorizando apenas uma emissora a fazer as imagens, que serão compartilhadas com as demais.
“O governo Biden está comprometido com a transparência”, informou o comunicado.