O governo do Equador não definiu uma data para resolver se mantém ou retira o asilo diplomático concedido ao criador do WikiLeaks, Julian Assange, que desde 2012 está abrigado na embaixada do país em Londres, informou nesta segunda-feira o chanceler equatoriano, José Valencia.

“A decisão a ser tomada será tomada no momento correto, levando em consideração as duas opções: manter o asilo ou revisar a situação”, disse o diplomata à imprensa em Quito.

O governo equatoriano já denunciou as constantes violações de Assange às condições de asilado, o que levou Quito a aplicar desde outubro passado um protocolo que regula as visitas, comunicações e salubridade do australiano dentro da embaixada, cujo não cumprimento levará à retirada do asilo.

Na semana passada, o WikiLeaks informou através do Twitter que Quito e Londres fecharam um acordo para que dentro de “horas ou dias” o fundador da organização seja expulso da legação equatoriana para ser preso pelas autoridades britânicas, informações essas classificadas pela presidência de Lenín Moreno de “insultantes”.

Assange “sabe perfeitamente que tem uma dívida pendente com as autoridades britânicas pela violação de sua liberdade provisória no ano 2012. Pois terá que responder por isso”, indicou o chanceler.

O australiano, de 47 anos, buscou asilo na embaixada equatoriana em Londres para evitar ser extraditado para a Suécia, onde foi aberta uma investigação, já arquivada, por estupro.

O governo britânico negou a Assange um salvo-conduto para sair da legação já que tem uma ordem de prisão contra o jornalista por violar as condições de sua liberdade condicional por conta do caso investigado na Suécia.

O fundador do WikiLeaks, que em 2017 obteve cidadania equatoriana, afirma que pode ser extraditado para os Estados Unidos para ser julgado por divulgar milhares de segredos oficiais de Washington através do site.

O Equador também denunciou na ONU o recente vazamento (fotos, vídeos e conversas privadas) do presidente Lenín Moreno por redes sociais e no WikiLeaks.

O relator especial das Nações Unidas para o direito à vida privada, Joe Cannataci, visitará Assange no dia 25 de abril.

“Estamos preocupados com a distribuição de informação privada” de Moreno, destacou o chanceler equatoriano.

O relator especial também pode investigar as alegações de Assange de que sua privacidade foi violada na embaixada com o protocolo que fixa normas para a estadia do australiano no local.