O enviado especial da ONU para a Somália tentou nesta quarta-feira chamar atenção para a gravidade da crise naquele país, a fim de mobilizar mais ajuda.
Milhões de pessoas correm o risco de morrer de fome no Chifre da África, mergulhado na pior seca em quatro décadas, depois que quatro temporadas de chuvas escassas dizimaram o gado e as plantações. “Estamos aqui para fazer pressão, chamar a sua atenção para a magnitude desta crise, para o nível de catástrofe humanitária na Somália”, disse à AFP Abdirahman Abdishakur.
Em reuniões com agências da ONU e Estados-membros realizadas desde o começo da semana, Abdishakur repetiu que segue existindo “uma lacuna enorme” entre a ajuda prometida e as necessidades financeiras atuais da Somália.
A ONU informou que recebeu no fim de agosto 67% do 1,5 bilhão de dólares que buscava para a Somália, mas à medida que se aproxima a quinta temporada de chuvas escassas no outono, cresce a necessidade de recursos. “Se não houver uma resposta humanitária suficiente, haverá fome”, advertiu Abdishakur.
O chefe da agência humanitária da ONU, Martin Griffiths, alertou na semana passada que a Somália se encontra à beira da fome pela segunda vez em pouco mais de uma década. Ele assinalou que a situação é pior do que em 2011, quando 260 mil pessoas morreram, mais da metade delas crianças de menos de 6 anos.
“Temos uma janela muito estreita para salvar vidas”, alertou Griffiths, ao lado de Abdishakur, na sede da ONU, em Nova York. “As pessoas estão morrendo hoje.”
O número de crianças entre 6 meses e 5 anos que sofrem de desnutrição severa subiu de 389.000 para 513.000, segundo cifras divulgadas ontem pelo Unicef.