Enviado de Trump não descarta que Ucrânia possa atacar a Rússia ‘em profundidade’ com armas dos EUA

O enviado do presidente americano Donald Trump à Ucrânia levantou a possibilidade de ataques de longo alcance de Kiev contra a Rússia usando armas fornecidas pelos Estados Unidos, após a recente mudança de postura de Trump sobre o conflito.

Em entrevista ao canal Fox News exibida no domingo, o enviado Keith Kellogg foi questionado se Trump havia autorizado ataques em território russo, dias após Moscou ser acusado de enviar caças e drones que violaram o espaço aéreo de vários países europeus.

“Lendo o que (Trump) disse e o que o vice-presidente (JD) Vance disse, assim como (o secretário de Estado Marco) Rubio, a resposta é sim”, afirmou Kellogg. “Usem a capacidade de atacar em profundidade. Não há santuários”, disse ele.

Em entrevista ao mesmo canal, o vice-presidente Vance indicou que Washington também estava considerando vender mísseis Tomahawk de longo alcance para a Europa para entrega à Ucrânia.

“Como disse o presidente (Trump), estamos considerando”, disse Vance, acrescentando que Washington estava analisando “vários pedidos dos europeus”.

O presidente tomará “a decisão final” no “melhor interesse dos Estados Unidos”, acrescentou.

A Rússia minimizou as declarações nesta segunda-feira.

“Não há panaceia capaz de mudar a situação nas linhas de frente para o regime de Kiev. Não há arma mágica. Sejam Tomahawks ou outros mísseis, eles não podem mudar nada”, respondeu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em coletiva de imprensa.

Na semana passada, Trump afirmou, após se reunir com o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, que Kiev estava em condições, com a ajuda da União Europeia, de lutar e devolver “toda a Ucrânia ao seu estado original”.

A Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia, no Mar Negro, após uma operação em 2014 e agora controla regiões no leste e sul da Ucrânia após a invasão em larga escala de Moscou em fevereiro de 2022.

As declarações marcam uma mudança na postura de Trump em relação à Ucrânia, depois que o americano disse a Zelensky em fevereiro, durante uma discussão no Salão Oval, que o ucraniano não tinha “as cartas” para derrotar a Rússia.

O governo russo prometeu continuar sua ofensiva após três anos e meio de conflito, e o Kremlin recentemente rejeitou a alegação de Trump de que a Rússia era um “tigre de papel” com uma economia em crise.

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