O enviado da ONU para a República Centro-Africana (RCA) acusou, nesta quarta-feira (23), as forças de segurança do país e seus aliados russos de múltiplas violações dos direitos humanos.

RCA e Rússia estreitaram relações a partir de 2018, quando Moscou enviou “instrutores” para ajudar a treinar as Forças Armadas do país e lhes forneceu armas de pequeno porte.

Um dos países mais pobres do mundo, a República Centro-Africana é instável desde que se tornou independente da França em 1960.

Mankeur Ndiaye disse ao Conselho de Segurança da ONU que as violações dos direitos humanos e do direito internacional humanitário são “atribuíveis às forças armadas da República Centro-Africana, às forças bilaterais e a outro pessoal de segurança”, referindo-se aos paramilitares russos destacados no país.

A RCA se tornou um território-chave na controvérsia sobre o papel na África do grupo mercenário russo conhecido como Grupo Wagner, que é supostamente liderado pelo misterioso empresário Yevgueni Prigozhin, um amigo íntimo do presidente Vladimir Putin.

Prigozhin foi sancionado por Washington, que o acusou de estar envolvido na interferência nas eleições presidenciais de 2016, em particular por meio de sua “fábrica de trolls” na Internet. Ele nega qualquer envolvimento.

Os russos também fornecem proteção pessoal ao presidente da República Centro-Africana, Faustin Archange Touadera, e seu poderoso conselheiro de segurança nacional, Valery Zakharov, é russo.

“O destacamento de forças bilaterais só terá utilidade e legitimidade se contribuírem para a proteção de civis contra abusos cometidos por grupos armados”, disse Mankeur Ndiaye.