Uma jornalista iraniana denunciou, neste sábado (28), que foi condenada, sem realização de audiência judicial, a dois anos de prisão por ter entrevistado o pai de Mahsa Amini, cuja morte desencadeou uma onda de protestos na República Islâmica.

A jornalista Nazila Marufian, que trabalha em Teerã, mas é originária de Saghez, a cidade natal de Amini na região do Curdistão iraniano (noroeste), já havia sido presa no fim de outubro, segundo ONGs.

“De acordo com uma decisão da câmara 26 do tribunal revolucionário, fui condenada a dois anos de prisão, multa […] e proibida de deixar o país durante cinco anos” por “propaganda contra o regime e difusão de informações falsas”, indicou Marufian no Twitter.

“A sentença foi ditada sem uma audiência e sem que eu pudesse me defender”, lamentou a jornalista.

“A pena de dois anos de prisão é condicional”, ou seja, não será cumprida pela condenada salvo que cometa outros crimes, detalhou.

Em 19 de outubro, Marufia publicou uma entrevista com Amjad Amini, o pai de Mahsa, no jornal digital Mostaghel. O título do artigo era “Pai de Mahsa Amini: ‘Eles mentem'”.

O site Mostaghel acabou removendo a publicação, mas uma versão dela ainda circula pela internet.

No texto, Amjad Amini denuncia que a versão das autoridades sobre a morte de sua filha é uma farsa, atribuída a supostos problemas de saúde.

A família de Amini considera que ela foi agredida durante sua detenção pela polícia da moralidade por não usar corretamente o véu islâmico.

A morte da jovem curda em 16 de setembro foi o estopim para a onda de protestos mais importantes no Irã nas últimas décadas.

Ao menos 488 pessoas morreram, 64 delas menores de idade, por causa da repressão das forças de segurança, segundo o último balanço da ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega.