‘Entrei em pânico e rezei’: os testemunhos dos sobreviventes das enchentes no Texas

Sergio Flores/Reuters
Equipes de resgate atuam após chuvas no Texas, EUA Foto: Sergio Flores/Reuters

Na madrugada da última sexta-feira, 4, fortes chuvas provocaram enchentes repentinas na região central do Texas, no sul dos Estados Unidos. Vários rios transbordaram, inundando rodovias, residências e infraestruturas. Milhares de moradores tiveram que ser retirados e mais de 80 mortes foram confirmadas.

Confira a seguir alguns testemunhos de sobreviventes da tragédia.

Em cima do telhado

Uma família de 33 pessoas de Austin, que estava de férias em Hunt, no condado de Kerr, sobreviveu ao se refugiar no telhado de um hotel, reportou a emissora de televisão local KPRC.

Na madrugada da sexta-feira, o rio Guadalupe subiu mais de oito metros em 45 minutos e suas águas invadiram os quartos. “Foi quando começamos a bater nas portas, tentando avisar o maior número possível de pessoas, tirá-las e empurrá-las para a estrada”, relatou David Fry, um dos membros da família.

Como as águas cercavam o complexo e já estavam arrastando veículos, não tiveram outra opção que ajudar uns aos outros a subir no telhado do prédio. Todos os membros da família sobreviveram. “Foi por pouco”, disse Fry à KPRC.

De caiaque

A poucos quilômetros dali, Diana Smith e seus dois cães sobreviveram às enchentes fugindo em um caiaque. “Liguei para o 911. Não aconteceu nada. E gritei, ‘Meu Deus, não sei o que fazer'”, contou ela à KRPC, relatando um telefonema para o serviço de emergência dos Estados Unidos.

“Abri a porta principal e o vento empurrou meus dois cães em diferentes direções. Entrei em pânico, me perguntando o que ia fazer… Rezei enquanto permanecia de pé no alpendre”, contou Smith, que, por fim, conseguiu subir em um caiaque com seus cães para se afastar remando.

“Te amo”

RJ Harber acordou no meio da madrugada de sexta-feira com sua esposa, Annie, em um bairro de Hunt e conseguiu salvar várias famílias que dormiam, alertando-as do perigo.

Depois, ele subiu em um caiaque, mas não conseguiu chegar à cabana onde estavam seus pais e suas filhas porque outra cabana, arrancada desde suas fundações, bloqueou sua passagem.

Ele recebeu uma mensagem de texto de suas duas filhas, dizendo “Te amo” minutos antes de o rio arrastar sua casa. Os corpos de Blair, de 13 anos, e Brooke, de 11, com as mãos dadas e segurando terços, foram encontrados e identificados a cerca de 20 quilômetros de distância. Seus avós continuavam desaparecidos na noite de domingo.

Heróis das enchentes

A secretária de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Kristi Noem, prestou homenagem, em sua conta no X, ao nadador da Guarda Costeira Scott Ruskan, a quem descreveu como um “herói americano”.

Ela afirmou que Ruskan, que realizava sua primeira missão de resgate, “salvou diretamente 165 vítimas das inundações devastadoras que assolaram o centro do Texas”.

Ao chegar, na madrugada de 4 de julho, ao Camp Mystic, um acampamento de verão cristão devastado pelas enchentes, ajudou a montar um centro improvisado, guiando os helicópteros para as áreas de risco, ao mesmo tempo em que deu apoio moral aos sobreviventes.

“Qualquer um dos meus colegas teria feito o mesmo”, assegurou Ruskan, que prestou homenagem às equipes de apoio em terra e aos pilotos dos helicópteros.