Em 2013, os brasileiros surpreenderam. Em um movimento quase anárquico, com lideranças difusas e chamamento via redes sociais, ocuparam as ruas em manifestações como não se viam desde a campanha por eleições diretas, em 1984. Protestos isolados contra R$ 0,20 de aumento nas passagens do transporte coletivo se transformaram em marchas contra políticos em geral, contra a forma de se fazer política no País e contra qualquer coisa que pareça antiga. A leitura entre especialistas era de que vinha das ruas um duro recado às lideranças politicas e sociais, independente de qualquer coloração ideológica.

Em 2014 vieram as eleições para presidente, governadores, deputados e senadores. Os postulantes mostraram que as manifestações do ano anterior pouco importaram. Promoveram campanhas mentirosas, venderam um Brasil inexistente e esconderam a bomba prestes a estourar com alto índice de desemprego, inflação e recessão. Os eleitores, mais uma vez, foram iludidos e recolocaram no poder uma turma que há doze anos vinha desviando recursos públicos e saqueando o Estado. Quando tomaram ciência da fraude, voltaram às ruas, impulsionaram o impeachment e chegam agora, às vésperas de uma nova eleição presidencial, divididos e radicalizados de uma forma poucas vezes vista em nossa História. E, a julgar pelo que se ouve e se lê até agora, os prováveis candidatos parecem ainda não ter entendido o tal recado das ruas.

Entramos em 2018 com a impressão de que teremos um ano melhor. O problema é que essa impressão se dá muito mais em razão da tragédia que foi o ano anterior, do que na aposta em um projeto efetivo para o País. Das candidaturas presidenciais até agora colocadas, nenhuma aponta ou discute caminhos concretos para o Brasil, quando muito divagam sobre velhas trilhas já exploradas desde 1994. Uma dessas candidaturas insiste no repeteco das mentiras e no dom de iludir como se pudesse repetir em 2018 o que fez em 2014. Tenta transformar carisma em sinônimo de impunidade. Outra vende a ideia de que com truculência e elevada ignorância conseguirá promover distribuição de renda, desenvolvimento, justiça social e derrotar no grito o crime organizado que vem dominando nossos estados. Há ainda aqueles que insistem em repetir as fórmulas que há décadas aplicam em seus redutos eleitorais, sem, entretanto, conseguirem êxito na educação, na saúde ou na segurança. É nesse quadro que se coloca a polarização. De um lado o ruim, de outro o pior.

Será que alguma liderança será capaz de empunhar a bandeira da convergência, do entendimento e da transparência? Que venha 2018!!!

Os políticos ainda não entenderam 2013 e os eleitores
correm o risco de ser ludibriados como em 2014