Entre eleição e Copa, camisas oficiais da seleção ‘somem’ da 25 de Março

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Às vésperas da Copa do Mundo, as camisetas oficiais da seleção brasileira desapareceram das prateleiras das lojas. A Nike, fornecedora oficial dos uniformes da seleção, diz que as compras superaram todas as previsões positivas. Além da Copa, que começa neste domingo, 20, as eleições e as manifestações de bolsonaristas, que adotaram a camisa verde e amarela como uniforme, ampliaram a procura.

Na Rua 25 de Março, em São Paulo, um dos principais centros populares de compras do País, lojistas reclamam que estão perdendo vendas pela escassez do produto oficial, o que empurra os consumidores para o comércio de peças falsificadas.

Na semana passada, ao percorrer as lojas da rua, a reportagem do Estadão testemunhou, de um lado, estabelecimentos que vendem uniformes oficiais tendo de explicar aos clientes que as camisetas, de cerca de R$ 350, haviam acabado, sem previsão para reposição. Do outro, barraquinhas com peças falsas cheias – de clientes e de camisetas verde e amarelas.

De acordo com Gutemberg Sales, analista de compras de uma loja de material esportivo da 25 de Março, os pedidos foram feitos em novembro de 2021, mas, até agora, o local não recebeu nem 1% do solicitado à empresa. “Perdemos muita venda por aqui. A todo momento temos de explicar aos clientes que o produto está em falta.”

Os produtos também estão em falta na “fonte”. No site da Nike, na aba especial para a seleção brasileira, nesta sexta, 18, era possível apenas encontrar algumas coleções especiais, como camisas com cores mais chamativas, com o símbolo da CBF, mas que não são as de jogo, além de shorts e blusas.

Tampouco há exemplares da “amarelinha” no catálogo da rede Centauro, que faz parte do mesmo grupo da Nike no Brasil, o SBF. No endereço eletrônico da varejista, não há peças e, nas redes sociais, quando consumidores questionam se haverá reposição, a empresa afirma que não há certeza se isso acontecerá até o início da Copa. “Por ora, estamos sem camisa da seleção. Estamos fazendo o possível para repor antes da Copa. Porém, ainda não temos previsão”, disse o perfil oficial da Centauro no Instagram na aba de comentários de uma das publicações. As dúvidas de clientes na internet remontam há, ao menos, cinco semanas.

A reportagem também consultou algumas lojas físicas da Centauro, em São Paulo e no ABC, e em todas o produto estava em falta ou tinha algumas unidades da camisa azul – número dois do kit. Em um dos casos, o estabelecimento informou que as peças chegaram e se esgotaram no mesmo dia.

Questionada, a Nike, via Fisia, a distribuidora oficial da marca no Brasil, informou que a companhia está, desde agosto – quando os materiais foram lançados – trabalhando em ritmo acelerado para suprir as demandas. “A marca informa que algumas peças se esgotaram no mercado e, apesar do desabastecimento momentâneo, novos produtos estão sendo disponibilizados para reposição semanalmente e reforça que as camisas também podem ser encontradas em outros pontos de venda do mercado, enquanto durarem os estoques.”

‘Alternativas’

A falta das camisas oficiais na 25 acabou abrindo uma brecha para os falsificados, diz Gutemberg Sales, que trabalha em revendedora de produtos oficiais na 25 de Março. Durante a reportagem, o Estadão viu inúmeras barracas com camisas fake cheias. A todo momento as pessoas paravam para perguntar os preços – que chegavam a R$ 100, quase um terço do valor da original.

O comerciante Jesse de Queiroz, dono de três bancas de artigos esportivos na 25 de Março, pondera que muitos clientes não querem comprar a camisa amarela por causa da política. O cenário em 2018 era outro. “Há quatro anos as vendas eram um ‘pipoco’.” Na época, ele costumava vender em média 250 camisas por dia. Nesta edição da Copa, o número não passa dos 60.

As réplicas comercializadas nos estabelecimentos de Jesse custam em torno de R$ 90, chamadas de primeira e segunda linha.

A ausência das amarelinhas também tem a ver com a concorrência entre eventos de fim de ano e Copa, afirma Vandir Borges, atendente de outra loja de produtos oficiais na 25. O comerciário defende que a data de realização do evento esportivo atrelado ao período natalino foi um fator de impacto para as vendas. Os produtos ficaram divididos, e o nosso investimento foi direcionado aos artigos de fim de ano. “A comemoração da Copa não é uma certeza, então, não podíamos correr risco.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.