Nova trégua humanitária decretada pela Rússia entra em vigor em Aleppo

Nova trégua humanitária decretada pela Rússia entra em vigor em Aleppo

Uma nova “pausa humanitária” de 10 horas decretada pela Rússia, aliada do regime sírio, entrou em vigor na manhã desta sexta-feira na cidade de Aleppo, mas isto pode ser insuficiente para a retirada de feridos e civis.

A ONU reagiu afirmando que não está envolvida no anúncio unilateral e que “as operações humanitárias não podem ficar condicionadas a iniciativas políticas ou militares”.

Uma primeira trégua unilateral de três dias em Aleppo, instaurada pelos exércitos da Rússia e da Síria, chegou ao fim em 22 de outubro sem ter permitido a retirada de civis ou feridos, nem tampouco a saída dos combatentes dos bairros do leste, controlados pelos insurgentes e cercados pelas tropas do regime de Bashar al-Assad.

Os oito corredores humanitários criados com este objetivo permaneceram quase desertos. Moscou e a imprensa estatal síria acusaram na ocasião os rebeldes de impedir a saída de civis dos bairros do leste, onde vivem mais de 250.000 pessoas, privadas de ajuda humanitária desde julho e ameaçadas pela escassez de alimentos.

“As retiradas por questões médicas só podem acontecer se as partes em conflito adotarem todas as medidas para garantir um entorno adequado, o que não é o caso”, afirmou David Swanson, porta-voz do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).

Ao falar sobre a nova trégua, anunciada na quarta-feira, Yaser Al Yusef, líder do grupo rebelde Nuredin Zinki, disse que os insurgentes não estão envolvidos.

“A Rússia não respeitou nenhuma das iniciativas empreendidas”, disse, antes de denunciar a “instrumentalização política e midiática para aliviar as pressões internacionais sobre Moscou”.

“Este anúncio não tem nenhum valor e não nos diz respeito. Não confiamos nos russos”, destacou.

– Aleppo, batalha chave –

A trégua foi anunciada no momento em que os rebeldes realizam uma ofensiva a partir da zona oeste de Aleppo, para tentar romper o cerco imposto pelas tropas do regime do presidente Bashar al-Assad contra os bairros dominados pela oposição há mais de três meses.

Os combates perderam intensidade nesta sexta-feira. Na véspera, ao menos 12 civis morreram e 200 ficaram feridos por disparos de foguetes de insurgentes contra as áreas do oeste da cidade.

Os beligerantes querem controlar Aleppo, uma cidade chave para garantir o poder na região norte da Síria, país em que a guerra civil iniciada em 2011 deixou mais de 300.000 mortos.

O regime iniciou em 22 de setembro uma grande ofensiva para retomar a zona leste da cidade, mas as tropas não conseguiram o êxito esperado, apesar do apoio da aviação russa e dos bombardeios que mataram mais de 500 pessoas, segundo a ONU, e destruíram várias infraestruturas civis.

A operação do exército sírio recebeu várias críticas da comunidade internacional.

Os países ocidentais denunciaram “crimes de guerra”, o que obrigou a Rússia a anunciar em 18 de outubro a interrupção temporária dos bombardeios contra os bairros da zona leste e uma trégua humanitária de três dias.