A rede Aliança Pela Água inicia nesta quarta-feira, 27, uma campanha para pressionar o governo Geraldo Alckmin (PSDB) a manter os programas de desconto e multa na conta de água para estimular economia entre consumidores da Grande São Paulo. As duas medidas foram lançadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) durante a crise hídrica e serão encerradas a partir de 1º de maio.

O grupo, que reúne mais de 60 entidades entre organizações não governamentais e movimentos sociais, vai divulgar uma carta aberta ao governador, assinada por 71 entidades, e lançar uma petição pública pedindo ao governo que também sejam revogadas as alterações que dificultaram a concessão de bônus para quem economizar água no início deste ano e o reajuste de 8,45% na tarifa a partir do dia 12 de maio, autorizado pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp).

Intitulada #cademeubonus, a campanha reforça o discurso de que a decretação do fim da crise feita por Alckmin em março foi “prematura” e que é preciso manter o estímulo à economia. Só em 2015, segundo a Sabesp, a população economizou 176 bilhões de litros, mais do que a capacidade da Represa Guarapiranga.

“É muito cedo para falar em recuperação das represas porque ainda estamos longe de um nível de segurança nos nossos principais mananciais. Tanto o Cantareira como o Alto Tietê estão com níveis muito abaixo do que tinham em 2013, antes da crise”, afirmou a coordenadora da Aliança Pela Água, Marussia Whately.

Em abril de 2013, o Cantareira operava com 63% de sua capacidade, enquanto nesta quarta-feira tem 36,4% de seu volume operacional, sem considerar as duas cotas do volume morto, cuja autorização de uso foi suspensa em março pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE). Já o Alto Tietê, tinha 66%, enquanto possui 40,4% da capacidade nesta quarta-feira. “A falta de chuvas que temos visto em abril mostra que é prematuro falar em normalidade hídrica”, completa Marussia.

Segundo ela, a revogação do bônus penalizou quem investiu em equipamentos para economizar água durante a crise e pode levar ao aumento do consumo, colocando a população sob o risco de uma nova escassez.

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“Essa é uma decisão que está muito mais ligada à saúde financeira da companhia do que com a continuidade do legado da crise, para que o padrão de consumo não retorne ao do período pré-crise. A estiagem criou um problema agudo, mas não podemos esquecer que a região metropolitana sofre de um problema crônico permanente no que se refere a recursos hídricos”, disse.


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