Entenda síndrome que afetou saúde mental do cantor Thiaguinho: ‘Não me reconhecia’

O pagodeiro revelou ter passado por crises de Burnout, um distúrbio emocional que pode causar exaustão física e mental

Thiaguinho
Thiaguinho Foto: Reprodução/TV Globo

Convidado do podcast ‘Grande Surto’, apresentado pela atriz Fernanda Paes Leme, o cantor Thiaguinho, de 41 anos, conhecido por ser discreto quando o assunto é sua vida pessoal, revelou ter enfrentado problemas com sua saúde mental, mencionando que já passou por crises de Burnout, um distúrbio emocional que pode causar exaustão física e mental.

“Me pegou sem eu saber que era Burnout. Já tive algumas crises, depois que comecei a me inteirar sobre o assunto, que é algo que me chama bastante atenção. Inclusive, sobre saúde mental, falo muito sobre isso para a minha galera e para todos que me rodeiam”, iniciou o pagodeiro.

Na ocasião, Thiaguinho relembrou os episódios em que enfrentou a doença: “No final do Exalta (Exaltasamba), eu tive uma crise em que eu não me reconhecia. Eu saía para o show e começava a sentir palpitações. Já me peguei chorando várias vezes, antes de sair de casa, e até quando estava na hora de ir”, detalhou, afirmando que não aceitava os sinais que seu corpo enviava, por estar focado demais no trabalho.

“Mas não era um direito que eu achava que tinha. Não tinha essa possibilidade de não ir! Sempre fui muito responsável e quis entregar o meu melhor”, completou.

Síndrome de Burnout

Procurado pela reportagem de IstoÉ Gente, o psicólogo Alexander Bez explicou mais sobre a síndrome que afetou a saúde mental do cantor Thiaguinho.

“A síndrome de Burnout, em primeiro lugar, deve ser entendida como uma psicopatologia. Ou seja, ela vem do cérebro, evidentemente. Mas ela é uma psicopatologia profissional ou ocupacional. Ou seja, ela está relacionada ao trabalho da pessoa, mas, principalmente, o que desencadeia essa síndrome, que é um conjunto de manifestações sintomatológicas, é o desconforto. Existe um desconforto profissional muito grande, e a solução para esse desconforto não é necessariamente a terapia. A terapia serve para diagnosticar, mas a cura da síndrome de Burnout é justamente a mudança de atividade ou a cessação da carga de trabalho que a pessoa se impõe ou que lhe é imposta”, começa o especialista.

“É preciso tomar essa medida para que os sintomas sejam realmente removidos. Uma pausa na carreira é essencial, pois o Burnout é justamente o esgotamento mental extremo. Vale ressaltar que muita gente não sabe disso: a síndrome de Burnout, em nenhum momento, está relacionada ao salário. Não importa se a pessoa ganha R$1 ou R$10.000, o fator salarial não é relevante. O salário é totalmente desconsiderado como causador dos sintomas do Burnout”, destaca.

Acúmulo de tarefas

O que importa é o acúmulo de tarefas, ou a incapacidade da pessoa em administrar suas funções, ou o fato de ela estar fazendo algo que não gosta, ou de se sentir inadequada para a tarefa. Isso é muito comum na síndrome de Burnout, como quando você recebe uma promoção, por exemplo, ou uma mudança de cargo. Existe também esse aspecto, que é bastante presente nos sintomas da síndrome de Burnout.

Pausa na carreira

A pausa na carreira é fundamental para que a pessoa possa fazer uma reavaliação, se reconectar consigo mesma e tentar identificar, com a ajuda da terapia, os motivos que a levaram ao Burnout. Quero destacar que a terapia, por si só, não cura a síndrome de Burnout, pois, nesse caso, é como enxugar gelo: não resolve. O que precisa ser feito é identificar o que, no trabalho, está causando o desconforto, lembrando que se trata de uma doença profissional ou ocupacional, para que isso seja mudado. A partir do momento em que essas alterações são feitas e as causas identificadas e tratadas, os sintomas desaparecem.

A pausa na carreira, independentemente de quem seja, é fundamental para qualquer pessoa. Ela é essencial para que se consiga um equilíbrio profissional e ocupacional melhor. Com isso, os sintomas desaparecem, e, ao desaparecerem, a causa é tratada, proporcionando à pessoa uma melhor qualidade de vida profissional.