Um acidente aéreo com um Boeing 737-800 em Muan, na Coreia do Sul, deixou 179 mortos e apenas dois sobreviventes na noite de sábado, 28. As causas da tragédia seguem desconhecidas, mas autoridades mencionaram a presença de pássaros na pista durante a tentativa de aterrissagem.
Para Rafael Santos, piloto-comandante de Boeing 777, a falta de trem de pouso no momento da colisão (veja abaixo) aponta para a probabilidade de um “problema associado” à sucção dos animais pela turbina.
#BREAKING 🇰🇷Soith Korean airliner crashed at Muan International Airport after landing gear failed to deploy.
The plane attempted to land on its belly. However, it was unsuccessful. pic.twitter.com/RuwOI1dHA0
— Heyman_101 (@SU_57R) December 29, 2024
Ao site IstoÉ, ele afirmou que a sucção dos pássaros “danifica a turbina de forma severa, mas gera reações treinadas em simulador, como cortar o motor danificado, acionar o trem de pouso e ganhar tempo para entender a situação. O piloto [da JejuAir] fez um pouso imediato e sem trem de pouso, o que indica uma segunda ocorrência”.
“Com um problema associado [à presença dos animais na aeronave], a possibilidade é que o comandante tenha julgado não haver tempo para uma extensão emergencial do trem de pouso, e optou por pousar com todos [os trens recolhidos]. Tudo isso aponta para um problema sério, provavelmente hidráulico”, completou.
Pássaros na pista
A tripulação da aeronave da JejuAir foi alertada pela torre de controle às 8h54 (horário local) a respeito da possibilidade de colisão com pássaros antes da aterrissagem. Às 8h59, os pilotos declararam emergência a bordo e, às 9h03, a tentativa de pouso com trem recolhido terminou em uma explosão.
Rafael Santos descreveu ao site IstoÉ o procedimento padrão para os casos em que isso ocorre: “O comandante é avisado a respeito da atividade de pássaros e adota as precauções habituais — como observar os animais, tomar cuidado, aguardar se a movimentação for intensa”.
“O impacto [na aeronave] depende do tamanho e da quantidade de pássaros. No caso do rio Hudson, por exemplo, um bando de pássaros se chocou com o avião e provocou a parada dos dois motores. No geral, o que ocorre é a ingestão dos pássaros pela turbina, o que causa dano severo”, afirmou o piloto.
Santos se refere ao voo US Airways 1549, de janeiro de 2009, em que o piloto realizou um pouso emergencial na água do rio Hudson, em Manhattan, após o avião atingir um grupo de gansos-do-canadá e perder a potência dos motores minutos após a decolagem. Com a manobra, não houve vítimas fatais entre os 150 passageiros e cinco tripulantes.
O acidente na Coreia do Sul
Este foi o primeiro acidente fatal na história da Jeju Air, fundada em 2005, e o maior já registrado na Coreia do Sul.
Em 12 de agosto de 2007, um Bombardier Q400 da sua frota que transportava 74 pessoas saiu da pista no aeroporto de Busan-Gimhae (sudeste), resultando em uma dezena de feridos levemente.
Antes dessa tragédia, o acidente aéreo mais grave ocorrido na Coreia do Sul foi o de um Boeing 767 da Air China procedente de Pequim, que caiu em uma colina perto do aeroporto de Busan-Gimhae, deixando 129 mortos.
O governo sul-coreano ordenou nesta segunda-feira, 30, uma “inspeção completa” de todos os Boeing 737-800 operados pelas companhias aéreas locais, em paralelo à continuidade de uma apuração conduzida por investigadores sul-coreanos e americanos a respeito do episódio de sábado.