O Flamengo levou um dos seus golpes mais doídos da história ao perder para o Palmeiras no último sábado, em Montevidéu, na final da Libertadores. O título escorreu pelas mãos depois que Andreas Pereira perdeu a bola que originou o gol de Deyverson na prorrogação, na derrota por 2 a 1. Contudo, o meio-campista foi apenas o último dos culpados, longe de ser o único numa temporada frustrante para o clube.

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A relação entre Renato Gaúcho e Flamengo ruiu e evidenciou problemas do departamento de futebol, vidraça por escolhas controversas de treinadores e também no departamento médico do clube, que tende a ter a chapa (Roxa) de Rodolfo Landim reeleita no próximo sábado, 4, além de mudanças na comissão técnica e áreas da preparação física.

As lesões em profusão marcaram o ano e emperraram o entrosamento do time. Só de julho a novembro, foram cerca de 30 lesões (veja todas abaixo), sendo que Renato só conseguiu escalar o time-base por oito minutos antes da final da Libertadores, algo destacado por ele na entrevista coletiva para justificar que triunfar com um time de “R$ 200 milhões” não é tão fácil como ele bradava microfones afora.

– Na época o Flamengo disputava as duas competições (Brasileiro e Libertadores) e não tinha ninguém no departamento médico. Em três, quatro meses, o Flamengo disputou três competições, era final a cada três dias. Vai ver quantos minutos, acredito que poucos, que a equipe principal jogou junta. Oito minutos? Está dada a resposta – falou Renato, logo após perder a Libertadores para o Palmeiras.

AS LESÕES

JULHO
13/07: Rodrigo Caio (edema na panturrilha esquerda)
17/07: Piris da Motta (dor no tendão de Aquiles do tornozelo direito)
25/07: Isla (desgaste muscular)
28/07: Filipe Luís, Gustavo Henrique, Rodrigo Caio (desgaste muscular)
29/07: Renê (lesão na posterior da coxa direita)
31/07: Rodrigo Caio (reequilíbrio biomecânico e muscular)

AGOSTO
08/08: Pedro (entorse no tornozelo esquerdo)
17/08: Isla (fadiga muscular e dores na coxa direita)
21/08: Arrascaeta (fadiga muscular)
24/08: Léo Pereira (trauma ósseo na falange do quinto metatarso do pé esquerdo)
25/08: Bruno Henrique (dor na posterior da coxa)

SETEMBRO
09/09: Filipe Luís (lesão na panturrilha esquerda)
10/09: Diego Ribas (edema na panturrilha direita)
13/09: Arrascaeta (estiramento na posterior da coxa esquerda)

*29/09: Thiago Maia (lesão no adutor da coxa esquerda)

OUTUBRO
01/10: David Luiz (lesão no adutor da coxa esquerda)
02/10: Diego Ribas (dores musculares na coxa direita)
03/10: Bruno Henrique (dores no adutor da coxa esquerda)
05/10: Gustavo Henrique (edema no adutor da coxa direita) e Diego Ribas (edema na panturrilha direita)
09/10: Diego Alves (trauma no pé direito)
11/10: Bruno Henrique (lesão no músculo adutor da coxa esquerda) e Arrascaeta (lesão no reto anterior direito).
16/10: Rodrigo Caio (programação de controle de cargas)
21/10: Gabigol (entorse no tornozelo direito)
24/10: Pedro (lesão de menisco)
29/10: Diego Ribas (lesão reto femoral da coxa direita) e Filipe Luís (lesão panturrilha esquerda)
30/10: Rodrigo Caio (dores no joelho direito)

NOVEMBRO
07/11: Diego Alves (desgaste físico acentuado); David Luiz (programação de retorno gradual); Thiago Maia (pancada no quadril e no pé esquerdo).
14/11: Vitinho (dores no joelho direito)
15/11: Rodrigo Caio (edema na panturrilha esquerda)
18/11: Bruno Henrique (tendinopatia no tendão patelar do joelho esquerdo)

*02/11: Kenedy (entorse no tornozelo)

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Renato Gaúcho, aliás, nunca foi unanimidade no projeto do Flamengo, nem internamente, nem entre a torcida. A sua contratação ocorreu horas depois da demissão de Rogério Ceni, que perdeu o comando do vestiário e viu a sua situação ficar insustentável após duas derrotas seguidas em julho (para Fluminense e Atlético-MG).

Portaluppi assumiu e conseguiu resgatar confiança de parte de jogadores escanteados, como Vitinho e Michael, mas nunca demonstrou habilidade para dar um padrão tático consistente ao time e assegurar competitividade enquanto o Fla disputava mais de uma competição. Não houve a esperada arrancada no Brasileiro, e a situação complicou em outubro, quando o time tropeçou algumas vezes e caiu na Copa do Brasil, o que levou o técnico, inclusive, a entregar o cargo ainda no vestiário do Maracanã.

No entanto, o respaldo da diretoria o manteve à frente do cargo na esperança de preparar o time até a Libertadores. Foi evidente que a preparação, em todos os aspectos, foi insuficiente e digna das cobranças por alterações no dia a dia no Ninho do Urubu.

A tendência, agora, é de que ele não continue no Flamengo como treinador para 2022. O próprio Renato chorou no vestiário após o vice da Libertadores e falou com os jogadores em tom de despedida.

Além disso, o VP de futebol do clube, Marcos Braz, não bancou a permanência do treinador. Após o desembarque da delegação no Rio de Janeiro, o dirigente lembrou que ele tem contrato até o fim do ano, mas também disse que nesta segunda-feira começariam a “decidir alguns pontos que possam ser feitas correções“.