23/05/2024 - 22:30
Acusado pela Associação de Futebol da Inglaterra (FA, sigla em inglês) de quatro violações das regras de apostas do Campeonato Inglês, Lucas Paquetá pode ser duramente punido caso seja considerado culpado. A suspeita é de que ele procurou, de forma intencional, ser advertido por árbitros em partidas do West Ham, no intuito de favorecer apostadores.
Após cerca de nove meses de investigação, as acusações foram feitas com base na Regra E5.1 da FA, que determina que um jogador “não deve, direta ou indiretamente, procurar influenciar, por propósito impróprio, o resultado, o progresso, a conduta ou algum outro aspecto ou ocorrência ligados a uma partida ou competição de futebol”. Paquetá também foi acusado de duas violações da Regra F3 em relação a supostas falhas no cumprimento da Regra F2, referente à má conduta no fornecimento de documentos e informações solicitados durante a investigação.
“Alega-se que ele (Paquetá) procurou diretamente influenciar o progresso, a conduta ou qualquer outro aspecto ou ocorrência nessas partidas, buscando intencionalmente receber um cartão do árbitro com o propósito impróprio de afetar o mercado de apostas para que uma ou mais pessoas lucrem com as apostas”, diz a acusação da FA.
Não há definições de penas específicas para o descumprimento da Regra E5.1, mas há previsão de suspensão de seis meses a banimento para sempre quando um jogador usa informações privilegiadas com o intuito de levar vantagem em apostas.
“Quando um jogador fornecer a qualquer outra pessoa qualquer informação relativa ao futebol que tenha obtido em virtude da sua posição no jogo e que não esteja publicamente disponível naquele momento, o jogador estará em violação desta regra se qualquer uma dessas informações for usada por essa outra pessoa para apostas”, diz a Regra E8.
Na Inglaterra, há jurisprudência para sanções duras. Em 2022, por exemplo, o zagueiro Kynan Isaac, do Stratford Town, recebeu suspensão de 10 anos por ter recebido um cartão amarelo deliberadamente em jogo da Copa da Inglaterra, como parte de um esquema de apostas com amigos, situação semelhante à acusação enfrentada pelo meio-campista brasileiro.
A denúncia à qual Paquetá responde é diferente do escândalo de apostas mais recente futebol inglês. Sandro Tonali, do Newcastle, foi suspenso por 10 meses por envolvimento com apostas, descoberto quando ele jogava na Inglaterra, embora praticado nos tempos em que defendeu os italianos Milan e Brescia. Tonali fazia apostas em sites ilegais, mas não chegou a ser acusado de manipulação dentro de campo como o brasileiro.
O meia do West Ham foi convocado pelo técnico Dorival Júnior para jogar a Copa América, que começa no dia 20 de junho. A acusação da FA não impede a participação no torneio continental e, por enquanto, ele está mantido na lista pela CBF. Em agosto do ano passado, quando o Brasil ainda era comandado por Fernando Diniz, Paquetá foi cortado da convocação porque a investigação veio à tona na mesma semana.
O jogador de 26 anos é investigado por ter forçado situações para receber cartões amarelos em três partidas diferente: 12 de novembro de 2022 – Leicester 2 x 0 West Ham, 12 de março de 2023 – West Ham 1 x 1 Aston Villa, 21 de maio de 2023 – West Ham 3 x 1 Leeds e 12 de agosto de 2023 – Bournemouth 1 x 1 West Ham.
Paquetá tem até o dia 3 de junho para apresentar sua defesa. Nesta quinta-feira, manifestou-se sobre o caso e negou qualquer irregularidade ou conhecimento das apostas suspeitas. Por meio das redes sociais, o jogador revelado pelo Flamengo externou seu descontentamento.
“Estou extremamente surpreso e chateado com o fato de a FA ter decidido me acusar. Cooperei com todas as etapas das investigações e forneci todas as informações que pude durante nove meses. Nego as acusações na íntegra e lutarei com todas as minhas forças para limpar meu nome. Devido ao processo em andamento, não fornecerei mais comentários”, diz a postagem do atleta.