O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que Israel estaria cometendo um genocídio contra civis palestinos na Faixa de Gaza, comparando as ações do país com as da Alemanha Nazista durante o Holocausto. Após a fala, o petista se tornou uma “persona non grata” no território judeu e foi criticado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que categorizou o discurso como vergonhoso e grave.

+ Israel declara Lula ‘persona non grata’ por comentários sobre o Holocausto

+ Fala sobre Holocausto: deputados bolsonaristas irão apresentar pedido de impeachment de Lula

As declarações de Lula ocorreram durante uma viagem do presidente na Etiópia, em que questionou as operações conduzidas pelo governo de Jerusalém na Faixa de Gaza e o corte de ajuda humanitária aos palestinos. O embaixador do Brasil em Israel foi convocado pelas autoridades locais a prestar esclarecimentos, de acordo com o ministro das Relações Exteriores do país, Israel Katz.

Enquanto comparecia a um evento na cúpula da União Africana como convidado, o presidente do Brasil ressaltou que as ações militares na Faixa de Gaza representariam um conflito que não é militar, mas entre um exército altamente preparado contra mulheres e crianças. “O que está acontecendo com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler decidiu matar os judeus”, afirmou Lula.

Holocausto

O Holocausto, palavra de origem grega que significa “totalmente incinerado”, foi a prática de um genocídio e limpeza étnica por parte da Alemanha Nazista contra indivíduos considerados como inferiores pelo regime de Adolf Hitler. É estimado que seis milhões de pessoas tenham sido assassinadas em um processo de extermínio sistematizado sem precedentes na história humana.

Eram perseguidos pelos nazistas os judeus, ciganos, portadores de deficiência, dissidentes políticos, homossexuais, indivíduos considerados como “criminosos” ou “antissociais”, prisioneiros de guerra, testemunhas de jeová e vários outros grupos étnicos considerados como uma ameaça à raça ariana.

Apenas no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, localizado na Polônia, país ocupado pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, é contabilizado que 1,1 milhões de pessoas tenham sido mortas, sendo 90% delas de origem judia. De acordo com o New York Times, uma pesquisa do Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos determinou a existência de 42,5 mil locais destinados à repressão dos considerados “inimigos” do regime de Hitler espalhados por toda a Europa entre os anos de 1933 e 1945.

O estudo não inclui apenas os campos de extermínio, mas também os de trabalhos forçados, em que os encarcerados eram escravizados a fim de produzir armamentos, dos prisioneiros de guerra, centros em que gestantes eram obrigadas a realizarem abortos ou tinham seus bebês mortos logo após o nascimento, além de bordéis em que mulheres eram coagidas a se relacionar com membros das forças militares alemãs.

O maior e mais conhecido campo de extermínio, nomeado de Auschwitz-Birkenau, foi criado em 1940 a cerca de 60 quilômetros da cidade polonesa de Cracóvia. Apenas um ano depois, foram estabelecidas as câmaras de gás, onde prisioneiros eram levados para serem executados com a ingestão do Zyklon B, um composto altamente tóxico, e posteriormente incinerados em crematórios. Em 1944, é estimado que seis mil pessoas eram assassinadas diariamente no local.

Os encarcerados que não fossem executados logo ao chegar em Auschwitz-Birkenau, eram encaminhados a grupos de trabalhos forçados. A expectativa de vida de uma pessoa no campo de extermínio era de três meses. A libertação ocorreu apenas em 1945, quando o exército soviético chegou ao local após as autoridades nazistas implodirem as câmaras de gás em uma tentativa de apagar os vestígios dos crimes cometidos contra a humanidade.

Segundo o Yad Vashem, memorial oficial de Israel às vítimas do Holocausto, a maioria dos judeus já havia sido morto em 1945, ano marcado pelo fim da Segunda Guerra Mundial e capitulação da Alemanha Nazista. As autoridades nacional-socialistas, como a Gestapo e a SS (Schutzstaffel – Esquadrão de Proteção, em tradução), procuravam por todo e qualquer “inimigo do regime” e caçavam fugitivos pelo suposto crime de serem “inferiores”.