27/02/2024 - 12:36
A jornalista Fernanda Gentil compartilhou com seus seguidores que recebeu o diagnóstico de paralisia de Bell após notar que metade do seu rosto não respondia como devia.
Em um vídeo, ela relatou que começou a perceber algo diferente no seu corpo ao reencontrar seu filho Gabriel, 7 anos.
“Quando ele chegou, eu obviamente agarrei ele, abracei, beijei, espremi, e senti que fiquei com a boca meio dormente. Passou aquela euforia toda, esqueci, distrai”, disse, notando que os sintomas continuaram ainda no dia seguinte. “Comecei a mandar vários beijos e não saia, a boca não firmava, sabe?”, falou.
A preocupação aumentou quando percebeu que metade de seu rosto não respondia como deveria. “Percebi que o lado da esquerda, que era justamente o que estava incomodando a minha boca, não estava correspondendo com o lado da direita”, relatou. Após conversar com sua esposa, Priscila Montandon, Fernanda buscou orientação médica.
Para a IstoÉ, Raquel Salomone, médica voluntária responsável pelo ambulatório de paralisia facial periférica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), explicou que a paralisia de Bell é um tipo de paralisia facial periférica (PFP) de causa indeterminada ou causada por um vírus da família do Herpes, sendo ela o tipo mais comum de PFP e na maioria dos casos tem bom prognóstico.
O diagnóstico é clínico, com a visualização ou a percepção da diminuição dos movimentos dos músculos da face.
“O exame neurológico é fundamental. O nervo facial pode ser afetado por várias causas diferentes que merecem investigação para distinguir entre um quadro inflamatório inespecífico primário e um secundário. Os exames subsidiários podem ajudar a identificar entre causas metabólicas (como o diabetes açucarado), pré-eclâmpsia, acidente vascular cerebral, infecções de ouvido (como otites médias), infecções da mastoide (como mastoidites), infecções virais (como o vírus da influenza, e da família do herpes) e outras doenças infecciosas”, esclareceu José Oswaldo de Oliveira Júnior, neurocirurgião funcional e responsável pela unidade de neurocirurgia funcional do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe).
Salomone também explicou também que atualmente existem muitos estudos a respeito de fatores de risco específicos que tornam uma pessoa mais suscetível à paralisia de Bell – mas até o momento, nenhum com resultados importantes.
“Stress, mudança de temperatura brusca, história familiar de PFP e episódios de PFP prévios são alguns ‘fatores de risco’ que podemos levar em conta. Mulheres gestantes possuem 6 vezes mais chance de apresentar essa condição também”, explicou.
Como funciona o tratamento contra a paralisia de Bell?
Para o tratamento, José Oswaldo ressalta os cenários que o paciente pode estar.
“Se for primário, o tratamento é sintomático, com uso de corticoide, colírio e pomada oftalmológica, fechamento mecânico com fita adesiva nas pálpebras, etc. Alguns consideram o diagnóstico de paralisia primária falsa, que seria na verdade secundária ao comprometimento viral, e indicam antivirais”, esclareceu.
Para recuperação, Raquel complementa que o prognóstico é bem favorável e em torno de 85% dos paciente melhoram sem sequelas
“Porém, existe os 15% que podem melhorar deixando sequelas ou mesmo não melhorar nada, ficando com PFP para sempre. São esses casos que o otorrinolaringologista deve identificar”, pontuo.
No seu desabafo, a apresentadora ressaltou a importância de procurar ajuda médica.
“É para alertar vocês a ouvirem muito os sinais do corpo de vocês. Não silenciarem nada, não negarem nada, fingirem que não estão vendo. Não vai eliminar esse problema, muito pelo contrário, vai aumentar esse problema. Então se você tem uma coisa que você acha que não está legal, vai procurar uma ajuda, uma orientação médica, para você investigar”, aconselhou.