O Mapa (Ministério da Agricultura e da Pecuária) declarou emergência fitossanitária em quatro estados da região norte do País após o risco de dispersão da Mosca-da-Carambola se tornar iminente. O Amapá, Amazonas, Pará e Roraima ficarão em estado de alerta durante um ano e as medidas exatas que serão tomadas ainda estão sendo estruturadas pelas autoridades.

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A Mosca-da-Carambola é uma grande ameaça às exportações do Brasil, que é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, já que os alimentos que ela pode infectar não teriam permissão para saírem do país. Atualmente, a presença desse inseto já foi detectada no Amapá, Pará e Roraima.

Uma área sob quarentena foi instituída e ampliada em municípios do estado do Pará, o que significa, na prática, a proibição da transferência de frutos que servem como hospedeiros da mosca para outras partes do Brasil, evitando que o inseto se espalhe para outros locais e cause danos severos à economia de exportação, gerando uma perda de R$ 400 milhões se disseminado por todo o País, segundo estudo da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

O que é a Mosca-da-Carambola?

A pesquisadora do Embrapa Amapá Cristiane Ramos de Jesus explica que a Mosca-da-Carambola é mais um dos vários tipos de moscas das frutas, animais que utilizam esses alimentos em uma parte do ciclo de vida. “Os machos e as fêmeas se encontram na vegetação, fazem a cópula e os ovos são depositados dentro de uma fruta, local onde as larvas se desenvolvem a consumindo pelo interior.”

Após a fruta cair, o inseto ainda em fase de desenvolvimento entra no chão e permanece enterrado no solo enquanto cresce, saindo da terra após esse período. Além da carambola, existem vários outros hospedeiros que podem ser utilizados no ciclo de vida da praga. “Apesar da Mosca-da-Carambola ter esse nome, ela também ataca a goiaba, caju, acerola, manga e jabuticabas. Há uma infinidade de plantas que já registramos”, complementa a pesquisadora do Embrapa Amapá.

De acordo com a especialista, a diferença entre essa praga e outras moscas das frutas é que ela não é originária do Brasil, sendo introduzida na América trazida do Sudeste Asiático, permanecendo isolada em três estados do norte do país e nos países que possuem fronteira com a região, como a Guiana, o Suriname e a Guiana Francesa.

Não existe um período do ano mais propício para o aparecimento desses insetos, já que as temperaturas no norte do Brasil costumam ser constantes e as frutas hospedeiras estão disponíveis a todo tempo, como explica Cristiane Ramos de Jesus. “Em um tempo mais chuvoso a população pode aumentar um pouco.”

Combate à praga

Segundo a especialista, a Mosca-da-Carambola é considerada uma praga quarentenária desde 1996 pelo Ministério da Agricultura, estando presente nos estados do norte do Brasil há quase trinta anos. “O que não pode acontecer é a dispersão desse inseto para outras regiões produtoras de frutas para exportação, já que nenhum país comprador quer receber Moscas-da-Carambola.”

Cristiane Ramos de Jesus explica que apesar de ser uma espécie exótica, ela representa uma ameaça exclusivamente financeira, afetando cadeias produtivas da fruticultura. “As frutas que estão nas listas de hospedeiros das áreas com ocorrência desses insetos não podem ser comercializadas, tornando o impacto econômico, não há outro tipo de efeito.”

A intenção é erradicar a praga e de acordo com a pesquisadora do Embrapa Amapá, uma série de métodos podem ser utilizados para controlar a população desses insetos. “Muitas técnicas estão sendo pesquisadas e implementadas como tentativas de controle químico, cultural e também biológico”, além disso, a especialista explica que o Ministério da Agricultura aplica produtos inseticidas e armadilhas nas tentativas de conter a ameaça representada pelas Moscas-da-Carambola.

**Estagiário sob supervisão