A atual secretária de Relações Internacionais da cidade de São Paulo e ex-prefeita da capital paulista, Marta Suplicy (sem partido), teria aceitado se tornar a vice-prefeita na chapa do pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL) para as eleições municipais de 2024 após reunião com Lula (PT) na segunda-feira, 8, segundo informação revelada pela apresentadora Daniela Lima, do programa “Conexão GloboNews”.

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O encontro ocorreu no Palácio do Planalto e teve a presença do deputado federal Rui Falcão, que inclusive afirmou ter um “caminho posto” para Marta retornar ao partido e se tornar vice de Boulos. Ainda na segunda-feira, 8, Ricardo Nunes (MDB) declarou a jornalistas que tinha confiança na atual secretária. “Ela teria falado comigo”, afirmou o prefeito à imprensa, que não sabia da reunião entre a ex-petista e o presidente Lula.

O atual prefeito e Marta Suplicy estiveram no mesmo lado durante as eleições municipais de 2020, vencidas pelo então candidato à reeleição Bruno Covas (PSDB) com 59,38% dos votos, justamente contra Boulos, que perdeu a disputa no segundo turno com 40,62%. Ricardo Nunes havia especulado a secretária como vice da própria chapa na corrida pela prefeitura da cidade que ocorrerá neste ano.

Em contato com a IstoÉ, o consultor político Caio Manhanelli afirma que as motivações para o retorno de Marta Suplicy para o PT são provavelmente a de sobrevivência política e da ideologia da secretária. “O pensamento político dela também traz algumas limitações, tal qual não estar posicionada ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Há uma história de Marta como uma militante da liberdade sexual feminina e dos direitos LGBTQIA+”, explicou.

Acordo entre PSOL e PT

Caio Manhanelli conta que houve um acordo feito entre o PSOL e o PT durante as eleições de 2022, em que a legenda concordou em se abster de uma candidatura direta à vaga de prefeito da cidade de São Paulo para apoiar Guilherme Boulos, desde que o cargo de vice estivesse nas suas mãos, sendo Ana Estela Haddad, uma das cotadas para assumir tal posto. Entretanto, a esposa do atual ministro da Fazenda teria negado a oferta.

“Desde 2022 a ideia era que Boulos possuía uma imagem muito carregada e seria necessário uma personalidade mais alinhada ao centro político para a posição de vice. O PSOL desejava um nome feminino que estivesse na chapa, e no final das contas Marta Suplicy representa muita coisa”, descreve o consultor político, complementando que apesar de possuir desavenças com o PT, o eleitorado da legenda não considera votar em Ricardo Nunes.

Qual a importância de Marta Suplicy nas eleições?

De acordo com a pesquisa Atlas, Guilherme Boulos aparece como vencedor do primeiro turno com 29,5% das intenções de voto e Ricardo Nunes com 18%, praticamente empatado com Ricardo Salles, que permanece como pré-candidato. Entretanto, no segundo turno, o atual prefeito da capital paulista venceria o psolista de acordo com dados do mesmo estudo realizado no dia 31 de dezembro de 2023.

A intenção, além de suavizar a imagem da candidatura de Guilherme Boulos, seria também atrair uma parcela dos eleitores da periferia. “Também tem relação com a capacidade de Marta de realizar a articulação política, já que ela esteve em várias gestões, trazendo uma visão de flexibilidade para uma possível gestão que iria ‘dialogar com todos’”, explica Caio Manhanelli.

À IstoÉ, Ricardo Galhardo, assessor do pré-candidato Guilherme Boulos, informou que o psolista ainda não recebeu nenhuma informação oficial sobre a indicação de Marta para a chapa da legenda.

Como fica Ricardo Nunes?

O consultor político ainda esclarece que apesar da possível saída de Marta Suplicy da secretaria, esta não seria a maior dificuldade do prefeito na candidatura para reeleição. “O problema de Ricardo Nunes é o de comunicação de gestão. As aparições públicas melhoraram mas, apesar disso, ainda falta conseguir mostrar o que ele faz no cargo”, complementa Caio Manhanelli, citando a crise da Enel como uma situação que piorou a imagem do emedebista.

O entrevistado esclarece que apesar das adversidades citadas, o prefeito ainda aparece no topo das pesquisas, já que possui o controle de uma máquina do tamanho de São Paulo para gerir, fazendo uma comparação com Gilberto Kassab (PSD), que também havia mostrado uma dificuldade na forma de se posicionar. “Existe a busca pelo eleitorado conservador da cidade, que depende de uma declaração de apoio de Jair Bolsonaro”, relata o consultor político.

Renovação de Líderes do PT

É a primeira vez que o PT não terá um membro do partido na disputa direta pelas eleições municipais em São Paulo, o que Caio Manhanelli algo que parece ruim, mas é apenas um indício da falta de renovação de liderança dentro do próprio partido. “Enquanto isso não acontecer deve ser aberto um espaço para outras pessoas se a legenda quiser continuar figurando na política local”, explica Caio Manhanelli, complementando que a eleição da capital paulista é equivalente à de um país.

**Estagiário sob supervisão