Entenda o Caso Dreyfus, alvo de comparação da defesa de Bolsonaro

Paulo Amador Thomaz, advogado de Bolsonaro Julgamentos da Ação Penal 2668 - O advogado comparou o julgamento ao caso Dreyfus Núcleo 1 Foto: Gustavo Moreno/STF

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) encerrou nesta quarta-feira (3) sua sustentação oral perante a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) insinuando uma suposta motivação política no processo por golpe de Estado.

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O advogado Paulo Bueno comparou o julgamento ao célebre “caso Dreyfus”, ocorrido no fim do século 19, na França.

A menção, feita pelo advogado Paulo Cunha Bueno, busca anular a condenação de Bolsonaro por supostamente divulgar informações sigilosas da Polícia Federal (PF). O argumento central é que, assim como o militar Alfred Dreyfus foi vítima de um erro judicial no século 19, seu cliente estaria enfrentando um processo sem as garantias de um julgamento justo, em uma tese que reforça a ideia de perseguição política.

Alfred Dreyfus

Alfred Dreyfus

O caso Dreyfus

O Caso Dreyfus se desenrolou entre 1894 e 1906, na França, e se tornou um dos maiores escândalos políticos do país. Alfred Dreyfus, um capitão judeu do exército francês, foi falsamente acusado de traição por supostamente entregar documentos militares secretos à Alemanha.

Apesar de ter se declarado inocente, Dreyfus foi condenado à prisão perpétua e enviado para a Ilha do Diabo, uma colônia penal na Guiana Francesa. A condenação, motivada por um forte sentimento antissemita e nacionalista, foi baseada em provas forjadas e rumores.

A injustiça, contudo, começou a ser exposta anos mais tarde, graças à pressão de intelectuais e figuras públicas como o escritor Émile Zola. Em 1898, Zola publicou o famoso artigo “J’accuse” (“Eu acuso”), no qual denunciava as conspirações e os crimes cometidos pelas autoridades militares no processo contra Dreyfus.

O caso dividiu a França, opondo aqueles que defendiam a inocência do militar e os que, por motivos políticos e ideológicos, insistiam em sua culpa. Após anos de batalha legal e política, Dreyfus foi formalmente exonerado e reintegrado ao exército em 1906.

*Com informações da Ansa