11/11/2024 - 17:31
A cearense Sabrina Gomes, de 24 anos, é portadora de um tumor raro denominado timoma, que atinge a região do tórax. Devido ao câncer, a paciente desenvolveu Síndrome de Cushing e a derivação das enfermidades causou alteração da cor da pele. Até agora, os médicos não sabem se a condição é reversível.
Sabrina recebeu alta da UTI na última sexta-feira, 8, e luta para conseguir acesso ao lutécio radioativo – medicamento que pode neutralizar ou até eliminar o tumor. A paciente depende da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) para ter o remédio, com valor médio de R$ 32 mil.
A pele da jovem começou a escurecer rapidamente depois de uma cirurgia de retirada das glândulas adrenais, que trabalham na regulação hormonal. Esse procedimento foi feito em função do excesso de produção de cortisol causado pelo timoma. Não é comum que um câncer estimule a fabricação de hormônios, mas no caso de Sabrina, os altos níveis da substância endócrina ocasionaram o desenvolvimento da Síndrome de Cushing – também chamada de hipercortisolismo.
Após a cirurgia, o câncer parou de estimular o excesso de cortisol, mas continuou a produzir o hormônio ACTH. Essa substância tem a mesma origem de um outro hormônio, MSH, que é responsável pela melanina – componente que dá pigmento à pele. Por as duas composições terem bases parecidas, os receptores associados ao ACTH “confundem” os hormônios e passaram a aumentar a fabricação de melanina.
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Histórico e tratamento
A menina foi diagnosticada quando ainda cursava o 9º ano do ensino fundamental e teve que abandonar os estudos para seguir com o tratamento. O tumor no tórax atinge, hoje, o tamanho de 17 centímetros. A proposta de um tratamento alternativo intravenoso poderia mudar o quadro de Sabrina, sendo feito pelo remédio lutécio radioativo. A intenção é que a radiação ataque as células cancerígenas – que, em alguns casos, conseguem absorver os radiofármacos.
A conservação do medicamento, porém, dificulta o trâmite para acessá-lo: por ter validade curta, o lutécio é feito por demanda e encomenda. Além disso, mesmo após a Justiça aprovar a ação de Sabrina para impor que a Sesa disponibilizasse o tratamento, a medicação ainda não foi fornecida. O procedimento médico não está dentro dos serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que levou a abertura de uma negociação específica para o caso. Até o momento, a jovem e sua família aguardam atualizações do processo.