Em um clássico que reeditou a Supercopa do Brasil deste ano, São Paulo e Palmeiras dividiram o protagonismo com a arbitragem. O empate em 1 a 1, pela 11ª rodada da fase de grupos do Paulistão, teve o VAR como figura chave na marcação do pênalti que originou o gol de empate alviverde, convertido por Raphael Veiga, além de uma possível penalidade não marcada para os são-paulinos, que reclamaram.

Veja em seis tópicos as reclamações de ambos os lados, os lances polêmicos e o que a arbitragem comandada por Matheus Delgado Candançan decidiu em cada um deles. As duas equipes lideram os seus grupos, mas apenas o Palmeiras tem classificação garantida para a próxima fase.

PEDIDO DE EXPULSÃO PARA RICHARD RÍOS

O gol do São Paulo saiu depois de um erro da defesa palmeirense, entre Weverton e Richard Ríos. O meia recebeu na fogueira e entregou a bola para Pablo Maia, recém convocado à seleção brasileira. Ríos atingiu o são-paulino com a sola da chuteira na sequência do lance.

O time da casa continuou com a posse e Alisson abriu o placar. Candançan aplicou cartão amarelo para o colombiano do Palmeiras pela falta na origem do lance. A árbitra, Daiane Muniz dos Santos, responsável pelo VAR, não interviu para uma possível expulsão do palmeirense.

BRONCA DE AUXILIAR PALMEIRENSE

Na saída para o intervalo, ainda com o placar em 1 a 0, a comissão técnica do Palmeiras reclamava de decisões da arbitragem. O auxiliar João Miguel Barreto Martins recebeu amarelo. Em súmula, o motivo foi a desaprovação “com palavras e gestos à decisão da arbitragem”.

PÊNALTI PARA O PALMEIRAS E GOL DE RAPHAEL VEIGA

O empate palmeirense também teve polêmica. O time visitante estava no ataque e levantou a bola na área. Murillo disputou com Rafael, que afastou. O zagueiro, contudo, ficou caído. Na beira do gramado, Abel Ferreira abriu os braços em reclamação para o juiz.

A sequência do lance seria um lateral para o Palmeiras. Candançan, contudo, foi ao VAR e assinalou o pênalti. Ele ainda deu cartão amarelo para Rafael.

NOVO CHAMADO DO VAR EM POSSÍVEL PÊNALTI EM LUCIANO

Já com o empate, o São Paulo permaneceu em busca da vitória. Em um lance, o camisa 10 são-paulino recebeu a bola dentro da área e a protegeu da marcação. Piquerez chegou forte e desequilibrado no adversário, caindo em cima da perna do atacante. No campo, a arbitragem mandou seguir, mas a equipe do VAR o chamou para revisão. Candançan foi ao monitor e reviu o lance, mas decidiu por não marcar a penalidade.

BRONCA SÃO-PAULINA E EXPULSÃO

O auxiliar técnico da equipe, Estéphano Kiremitdjian Neto, foi expulso ainda com o jogo rolando, aos 59 minutos do segundo tempo. O motivo foi relatado em súmula pelo assistente de arbitragem Danilo Ricardo Simon Manis. Ele argumenta que Estéphano e o treinador de goleiros Octávio José Bittencourt o atacavam de forma sarcástica e irônica. “Acabou de dar o seu show, agora pode voltar para o seu lugar”, teria dito Estéphano ao auxiliar.

MAIS RECLAMAÇÕES NO TÚNEL

Com o fim do jogo, os são-paulinos intensificaram as reclamações. O árbitro relatou em súmula que dirigentes e atletas do São Paulo não relacionados interceptaram a equipe de arbitragem próximo do vestiário. Entre eles, estavam o presidente do clube Julio Casares e os dirigentes Fernando Bracalle Ambrogi e Carlos Belmonte Sobrinho.

Segundo a súmula, os três chamaram os árbitros de “safados”. “Que pênalti foi esse? Sem vergonhas, filhos da p… vai tomar no c… desgraçados. O Abel apitou o jogo hoje”, foram as falas registradas no documento.

Rafinha e Wellington Rato, que não foram relacionados para o jogo, também estavam no bolo. O lateral teria falado: “Vai tomar no c… como dá um pênalti desse? Safado! Você nunca mais vai apitar aqui”. Enquanto o atacante repetia os xingamentos: “safado, vai tomar no c… filho da p…”. O árbitro relatou que foi necessária a intervenção do policiamento para afastar os são-paulinos.

Casares relatou que um dos auxiliares da arbitragem xingou o atacante Calleri e que um integrante da equipe técnica de Abel Ferreira ironizou com risos as reclamações dos são-paulinos. “Eu não queria estar de novo aqui para falar de arbitragem e VAR. Hoje é um conjunto desastroso. Já teve um pênalti marcado para o Santos que a Edina não tinha dado. Depois teve a expulsão do Arboleda contra o Bragantino. Hoje foi um absurdo, a FPF não pode atuar dessa forma. Chega do Abel apitar jogo do Paulistão. Ou a FPF tem força, ou a gente vai repudiar em todas as instâncias”, reclamou, indignado.

Do lado palmeirense, a bronca foi outra. A diretoria são-paulina se recusou a ceder a sala de entrevistas para o treinador palmeirense Abel Ferreira dar a coletiva de imprensa e ele deixou o clássico sem conversar com os repórteres. O espaço disponibilizado pelos são-paulinos a Abel, segundo o próprio clube tricolor, foi a zona mista do estádio. Ao ter negada a sala de entrevistas, o Palmeiras decidiu não colocar o técnico português para falar com os jornalistas.

O São Paulo alegou que tomou essa decisão porque entende que o rival alviverde, quando mandante, não disponibiliza estrutura adequada no Allianz Parque, onde já ocorreu de treinadores visitantes atenderem à imprensa em um local improvisado. Já de acordo com o Palmeiras, o backdrop com os patrocinadores já estava instalado na sala de coletivas. A nota do clube também contradiz a versão do rival sobre a zona mista. “O argumento usado pelo São Paulo (reciprocidade) não condiz com a verdade, já que o Palmeiras, quando mandante, sempre oferece um espaço para a entrevista do treinador adversário”, disse o clube.