O Fortaleza escreve neste sábado um capítulo especial em sua história de 105 anos. A equipe cearense enfrentará a LDU, do Equador, pela final da Copa Sul-Americana, no estádio Domingo Burgueño, na cidade de Maldonado, no Uruguai, e pode conquistar o primeiro título internacional apenas seis anos depois de sair da Série C do Campeonato Brasileiro.

O fator da ascensão meteórica foi uma mudança profunda no clube. O presidente Marcelo Paz é o responsável direto pela transformação do Fortaleza, que se tornou uma referência de gestão no futebol brasileiro. Foram sete títulos em cinco anos. “A bola não entra por acaso”, costuma dizer o dirigente.

O sucesso passa pelo investimento constante na estrutura, dívida equacionada (menos de R$ 30 milhões), salários em dia dos atletas e manutenção do trabalho de Juan Pablo Vojvoda, que está à frente da equipe desde 4 maio de 2021. Tudo isso influenciou no bom desempenho em campo.

“Desde o início, nos preocupamos em ter a maior transparência possível. Além disso, acreditamos no comando técnico e colocamos a melhoria constante da infraestrutura de treinamento e de todas as áreas como um pilar”, afirmou Marcelo Paz, que antes de assumir como presidente em 2018 foi diretor de futebol. “A questão financeira, que costumo dizer que é o camisa 10 do Fortaleza, com salários em dia, também é fundamental para atingirmos o patamar que estamos hoje.”

A transformação permitiu ao Fortaleza ter aumento expressivo no orçamento. Em 2017, ainda na Série C do Campeonato Brasileiro, o clube investiu R$ 24 milhões no futebol. Neste ano, foram R$ 300 milhões.

“Eu vivi a fase do Fortaleza na Série C como torcedor e cheguei à direção do clube também naquele difícil momento. Então me orgulho muito do trabalho que construímos, que teve atuação de diversas mãos”, afirmou Paz. “A conquista deste título traria para nós a consolidação deste trabalho e o registro que ficará marcado na história do clube e no coração da torcida.”

O dirigente também está de olho na premiação para seguir no atual patamar. O campeão da Copa Sul-Americana vai receber R$ 42 milhões em premiação. Além disso, um título internacional coloca o Fortaleza ainda mais na vitrine. “A visibilidade que traz muitas oportunidades comerciais e o prêmio são importantes para seguirmos crescendo. Mesmo com um enorme salto em tão pouco tempo, sabemos que podemos sempre mais, e o Fortaleza tem potencial para isso.”

SAF É O FUTURO

O Fortaleza aprovou em setembro deste ano a transformação em Sociedade Anônima do Futebol. O clube agora faz os últimos trâmites necessários, como criação de empresa, abertura de conta bancária e transferência de ativos, e já deve operar como SAF a partir de janeiro de 2024. O conselho de administração formado por cinco integrantes já está definido e Marcelo Paz deve ser escolhido como CEO, renunciado ao cargo de presidente.

No entanto, não há pressa para efetuar uma venda. O Fortaleza deseja seguir o modelo do Bayern de Munique e ficar com uma fatia maior das ações da SAF. No time alemão, as cotas na associação são de 75% para os atuais gestores, que possuem poder de decisão, e os outros 25% divididos em três empresas distintas: Audi, Allianz e Adidas, com 8,33% cada uma delas. Ou seja, o dinheiro entra, mas o clube não perde seu poder de mando.

O objetivo do Fortaleza é receber investimentos entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões, que seriam destinados primordialmente para o departamento de futebol, dividido entre o time profissional e a base.