Ludmilla e sua esposa, a dançarina Brunna Gonçalves, anunciaram neste sábado, 9, que estão esperando o primeiro filho. Para a gravidez, o casal optou pela fertilização ROPA (Recepção de Óvulos da Parceira).

Para entender melhor o procedimento, o site IstoÉ Gente entrou em contato com a Dra. Beatriz Cristofaro Mantuan, médica com especialização em Ginecologia e Obstetrícia e Reprodução Humana pela UNIFESP.

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“ROPA é a recepção de óvulos da parceira. É um tratamento de fertilização in vitro que é indicado para casais homoafetivos femininos”, explica a especialista. Assim como qualquer forma de fertilização in vitro, o procedimento acontece ambiente laboratorial e é realizado desde 2013, quando o Conselho Federal de Medicina aprovou a reprodução de casais do mesmo sexo, de forma assistida.

“Uma das mulheres do casal vai fazer um estímulo ovariano e vão ser coletados os óvulos dela. Esses óvulos passarão pela fertilização in vitro e se formarão embriões. Após o desenvolvimento desses embriões, eles serão colocados no útero da parceira”, segue a Dra. Beatriz.

No caso do famoso casal, um óvulo de Ludmilla foi fecundado pelo sêmen doador e só então, transferido para o útero de Brunna, que está gestando o bebê, dessa forma, “as duas mulheres participariam da gestação”, esclarece a profissional.

Para ser o doador é um pouco mais complicado. “Pode ser um parente de até quarto grau da paciente que vai engravidar”, justifica. Inclusive, no caso de ser um parente familiar, é de extrema necessidade que o doador não seja da parceira que doará o óvulo, pois caracterizaria a consanguinidade. “Caso isso não seja uma opção, opta-se por um sêmen de banco, que pode ser um banco nacional ou internacional, em que a paciente faz a escolha das características do sêmen que vai ser usado”, finaliza.

Tempo de tratamento

O ROPA é um procedimento considerado rápido. Desde a chamada “transferência embrionária” até o teste de gravidez, são passadas cerca de duas semanas.

“Entre começar a estimular os ovários para coletar os ovos, a mulher menstrua. No segundo dia, ela começa a aplicar as medicações normalmente. Ela menstrua, no dia seguinte ela começa a aplicar as medicações para estimular os ovários”, esclarece o método, que é considerado “mais tradicional”.

“São em torno de 10 a 12 dias de medicação para estímulo ovariano até a coleta dos óvulos. Enquanto isso, a outra mulher segue com a medicação para preparo do útero”, diz a profissional.

A coleta dos óvulos é realizada cerca de 5 dias depois do término da medicação. Esse é o tempo considerado para o desenvolvimento do embrião. Posteriormente, ele é colocado na mulher que estava preparando o útero para receber o embrião.

Preparação

As orientações para a realização do procedimento são bem simples, sendo necessário apenas que o casal mantenha um estilo de vida saudável.

“A gente costuma orientar que tem um estilo de vida saudável, que esteja em boas condições para engravidar, com morbidades controladas. Então, se tem pressão alta, se tem diabetes, tudo isso tem que estar bem controlado. Normalmente, a gente orienta a estar em um peso adequado, não estar acima do peso”.

Onde realizar o procedimento

Atualmente, nem o SUS, nem o convênio, cobrem 100% dos tratamentos de reprodução assistida. Considerado um procedimento caro, “uma parte vai ser bancada pelas próprias pacientes”, declara a médica.

“Ainda que se consiga fazer um serviço que tenha vínculo com o SUS, muito provavelmente essas mulheres vão ter que gastar um pouco de dinheiro, vão ter que investir, porque o SUS não cobre os tratamentos”, diz.

A qualidade do sêmen impacta bastante no valor final do ROPA, isso porque se o doador foi alguém da família, a quantia sai mais barata do que um material de banco.

A seleção para quem vai carregar o feto é feita após analise a reserva ovariana das pacientes. Se as duas estão bem de saúde, a escolha vai partir delas, mas sempre é feita uma observação nas condições de saúde geral do casal, para quem receber o embrião seja a melhor escolha.

Afinal, a gravidez por ROPA é de risco?

“Todas as gestações decorrentes de fertilização in vitro são consideradas gestações de risco. Tem mais risco de diabetes gestacional, de pré-eclâmpsia, que é a pressão alta na gestação, do bebê nascer prematuro, e de gemelaridade”, afirma.

* Dra. Beatriz Cristofaro Mantuan, CRM – 184.765, é médica pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo e da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.

*Estagiária sob supervisão