A atriz Fabi Bang, de 40 anos, desabafou sobre seu período de afastamento das redes sociais após uma crise de burnout. “Passei por um período de apuro emocional. Eu tive um congestionamento mental, vinha pensando em muita coisa ao mesmo tempo, muita demanda, autocobrança…”, disse em seu perfil no Instagram.
De acordo com a atriz de ‘Wicked’, versão brasileira do musical da Broadway, essa característica a acompanha há anos. “No Orkut, eu fazia parte de uma comunidade chamada ‘autocobrança excessiva’. Não é fácil assumir tantas responsabilidades. Eu assumo elas, e a maior é a responsabilidade de criar um indivíduo, uma criança. Minha filhota é a razão da minha vida, minha alegria extrema e uma responsabilidade permanente”, afirmou ela, que é mãe de Isabel, de 6 anos.
Fabi Bang ainda disse que criar conteúdos para as redes sociais exige tempo e dedicação.
“Parei de gerar conteúdo. O que postava era porque já estava com eles adiantados. Apesar de não estar bem emocionalmente e sem disponibilidade criativa, eu tinha conteúdos gravados antecipadamente. Para gravá-los, é preciso uma vitalidade, e eu não estava conseguindo. Já passou a crise de burnout. A gente está sempre vulnerável. Trabalho no extremo da minha intensidade. É uma característica minha não entregar o razoável. Gosto de assumir responsabilidades e entregar com amor e capricho. Acho uma qualidade. Eu me orgulho de ser uma pessoa comprometida com o meu ofício, mas isso, em alguns momentos da minha vida, vai roubar a minha sanidade. Estou de volta. Sei que sentiram a minha falta, mas só posso dar o que eu tenho.”
Síndrome de Burnout
Procurado pela reportagem de IstoÉ Gente, o psicólogo Alexander Bez explicou mais sobre a síndrome que afetou a saúde mental da atriz Fabi Bang.
“A síndrome de Burnout, em primeiro lugar, deve ser entendida como uma psicopatologia. Ou seja, ela vem do cérebro, evidentemente. Mas ela é uma psicopatologia profissional ou ocupacional. Ou seja, ela está relacionada ao trabalho da pessoa, mas, principalmente, o que desencadeia essa síndrome, que é um conjunto de manifestações sintomatológicas, é o desconforto. Existe um desconforto profissional muito grande, e a solução para esse desconforto não é necessariamente a terapia. A terapia serve para diagnosticar, mas a cura da síndrome de Burnout é justamente a mudança de atividade ou a cessação da carga de trabalho que a pessoa se impõe ou que lhe é imposta”, começa o especialista.
“É preciso tomar essa medida para que os sintomas sejam realmente removidos. Uma pausa na carreira é essencial, pois o Burnout é justamente o esgotamento mental extremo. Vale ressaltar que muita gente não sabe disso: a síndrome de Burnout, em nenhum momento, está relacionada ao salário. Não importa se a pessoa ganha R$1 ou R$10.000, o fator salarial não é relevante. O salário é totalmente desconsiderado como causador dos sintomas do Burnout”, destaca.
Acúmulo de tarefas
O que importa é o acúmulo de tarefas, ou a incapacidade da pessoa em administrar suas funções, ou o fato de ela estar fazendo algo que não gosta, ou de se sentir inadequada para a tarefa. Isso é muito comum na síndrome de Burnout, como quando você recebe uma promoção, por exemplo, ou uma mudança de cargo. Existe também esse aspecto, que é bastante presente nos sintomas da síndrome de Burnout.
Pausa na carreira
A pausa na carreira é fundamental para que a pessoa possa fazer uma reavaliação, se reconectar consigo mesma e tentar identificar, com a ajuda da terapia, os motivos que a levaram ao Burnout. Quero destacar que a terapia, por si só, não cura a síndrome de Burnout, pois, nesse caso, é como enxugar gelo: não resolve. O que precisa ser feito é identificar o que, no trabalho, está causando o desconforto, lembrando que se trata de uma doença profissional ou ocupacional, para que isso seja mudado. A partir do momento em que essas alterações são feitas e as causas identificadas e tratadas, os sintomas desaparecem.
A pausa na carreira, independentemente de quem seja, é fundamental para qualquer pessoa. Ela é essencial para que se consiga um equilíbrio profissional e ocupacional melhor. Com isso, os sintomas desaparecem, e, ao desaparecerem, a causa é tratada, proporcionando à pessoa uma melhor qualidade de vida profissional.