Apesar de serem relativamente comuns — com 15% das gestações acabando em aborto espontâneo em todo o mundo — os problemas de fertilidade podem ser extremamente traumáticos na vida de uma mulher. 

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Quando se trata de gravidez, a incompetência istmocervical é um grande medo entre as gestantes. Apesar de, segundo a obstetra Nicole Rankins, essa ser uma “terrível” nomenclatura, ela representa um problema real. Entenda com informações do “Yahoo Life”.

O que é a incompetência istmocervical?

Segundo a especialista, a condição acontece quando, geralmente entre a 13ª e 28ª semanas de gestação, uma dilatação indolor ocorre no cérvix (colo do útero). Ela não é diagnosticável até que aconteça. “Às vezes suspeitamos com base no comprimento do colo do útero no ultrassom, mas na maioria das vezes é diagnosticado somente depois que uma mulher tem um parto prematuro no segundo trimestre ou perda da gravidez”, relata a médica. 

No caso da dilatação prematura, o colo do útero é “fraco” ou curto, incapaz de “reter a gravidez”. A gestante deve sentir uma pressão para baixo sem nenhuma contração prévia. Em alguns casos, entretanto, é possível ser diagnosticada com a condição e seguir com a gravidez por mais algumas semanas.

O que causa a condição?

Nicole explica que o tecido cervical enfraquecido pode ser o resultado de anomalias congênitas: “Há algumas evidências que sugerem que a genética pode desempenhar um papel [na incompetência istmocervical]”. 

Outras potenciais causas da dilatação prematura do cérvix são a existência de cirurgias anteriores na região (como as para tratar e remover células potencialmente cancerígenas) e cirurgias no útero. “Graças à vacina do HPV, não vemos isso com tanta frequência”, agradece a obstetra. “No entanto, se você for diagnosticada com ‘incompetência istmocervical’ em uma gravidez, seu médico sempre vai estar atento às próximas gestações”, ressalta.

Opções de tratamento

Existem duas principais opções de tratamento para a condição. A primeira é a cerclagem uterina, que consiste em “costurar” o colo do útero para mantê-lo fechado. Segundo Nicole, a taxa de sucesso do procedimento é de 70% a 80%, quando feito cedo o suficiente. A suplementação com progesterona também é uma opção para quem foi diagnosticada com dilatação prematura, pois o hormônio fortalece o cérvix. 

Uma opção que ainda está sendo investigada por especialistas para tratamento da condição é a colocação de um pessário — dispositivo médico utilizado para manter o útero, a bexiga e outros órgãos no lugar em pacientes que sofrem de prolapso dos órgãos pélvicos. 

A incompetência istmocervical também pode fazer com que o feto seja tratado no útero: devido ao risco de parto prematuro, obstetras podem prescrever esteroides para estimular o desenvolvimento dos pulmões do bebê, aumentando sua chance de sobrevivência.

A culpa não é sua

Nicole acredita ser importante ressaltar que a dilatação prematura do cérvix não é culpa das gestantes. “A palavra ‘incompetência’ é terrível, mas não pense que você é um fracasso ou que isso diz algo sobre você”, aconselha. “Não se culpe”.

Embora a condição signifique um risco maior de parto prematuro e perda da gravidez, isso não significa que uma mulher não será capaz de levar a gravidez até o fim e dar à luz perto da data prevista. “Manter o ultrassom e as consultas regulares de pré-natal é fundamental”, lembra a médica.

Ela finaliza ressaltando a importância de que médicos sejam honestos com seus pacientes sobre a condição. “Acho que os médicos precisam deixar claro que só porque seu corpo tem essa estrutura particular, não é um reflexo seu ou da sua capacidade de ter um filho”.