Representando a maioria das mães, a apresentadora Ticiane Pinheiro, 48 anos, revelou que está com o coração apertado ao pensar na possibilidade de ver a filha mais velha, Rafaella Justus, 15 anos, cursar faculdade no exterior. A apreensão veio à tona depois que a jovem, fruto do antigo casamento com Roberto Justus, embarcou em uma viagem sem os pais.
“A Rafa foi fazer uma viagem hoje com a escola. Foram para Bonito. Fui levá-la e sempre fui aquela mãe que, quando deixava a filha na escola para viajar, ficava com o coração super apertado e chorava quando o ônibus ia embora. Hoje, não foi muito diferente, eu chorei. Você fica com o coração apertado e torce para que tudo dê certo”, disse Tici.
A comunicadora ainda contou em suas redes sociais que, recentemente, conversou com a filha sobre faculdade e até fez uma proposta inusitada para convencê-la a estudar no Brasil. “Eu falei: ‘Você podia fazer faculdade no Brasil’. E ela: ‘Não, mãe, quero ir para fora’. Eu falei: ‘Se você fizer faculdade no Brasil, eu juro que faço uma terceira faculdade e faço junto com você’.”
A reação de Rafaella Justus foi imediata. “Pelo amor de Deus, agora mesmo que vou querer morar fora”, brincou Rafa. Ticiane então explicou sua ideia: “Não é que eu ia fazer o mesmo curso. Eu iria fazer, por exemplo, psicologia. Ela não sabe o que quer fazer ainda. Cada uma ia fazer o seu ramo, mas na mesma faculdade. Dei essa ideia porque sei que a gente quer que nossos filhos levantem voos cada vez mais altos, mas o coração de mãe quer que eles fiquem pertinho.”
Além de Rafaella Justus, Ticiane Pinheiro também é mãe de Manuella, de 5 anos, do casamento com o jornalista César Tralli.
Procurado pela IstoÉ Gente, o psicólogo Alexander Bez explica a dificuldade de Ticiane Pinheiro e de outros pais em aceitar que os filhos cresceram e vão sair de casa, seja para estudar, casar ou por outros motivos.
“Quando falamos em mudanças acadêmicas, é muito importante entender que isso não se trata apenas de uma questão educacional. Essa mudança envolve muito mais do que a escola, afetando diversos aspectos da vida da pessoa. Esse é o primeiro ponto que devemos ter em mente: o que está por trás dessa decisão não é apenas uma mudança territorial, mas algo muito mais profundo. Mudar significa transformar toda a vida. Isso envolve deixar para trás parentes, amigos e familiares. Não estamos falando aqui de certo ou errado, mas sim de preferências e escolhas pessoais. É isso que precisamos compreender”, diz o especialista.
“O motivo pelo qual algumas crianças e adolescentes decidem estudar fora é muito particular. Essa escolha pode estar ligada a questões familiares, econômicas ou sociais. Pode ser influenciada por um amigo ou amiga que já fez o mesmo caminho ou por alguém que recomendou essa experiência. Além disso, existe um espírito aventureiro e empreendedor em algumas pessoas, o que também é um fator importante”, prossegue.
Segundo o profissional, no caso da Rafa, a decisão parece partir dela mesma. Isso torna o processo menos traumático. Quando são os pais que impõem a ideia de estudar fora, pode ser mais difícil para os filhos, pois eles podem não estar emocionalmente preparados ou simplesmente não desejarem essa mudança. “Por outro lado, quando o filho quer ir e os pais resistem, a preocupação é natural, como acontece com a Ticiane. Eu entendo bem essa apreensão.”
“A decisão de morar fora está fortemente ligada a fatores familiares e culturais. Algumas famílias incentivam essa experiência por enxergarem nela uma oportunidade de desenvolvimento e um futuro promissor, especialmente em termos econômicos. A expectativa econômica é um fator importante nessa equação. Muitas vezes, as oportunidades disponíveis fora do país são diferentes das que existem aqui. Talvez a Rafa esteja considerando isso ao pensar na sua formação acadêmica. Afinal, estudar no exterior pode proporcionar uma formação mais completa”, diz.
Porém, ele destaca que não podemos desconsiderar um aspecto essencial: a estrutura mental e psicológica da pessoa. Para morar fora, é fundamental ter equilíbrio emocional e uma saúde mental sólida. Sem o apoio diário da família e dos amigos, o desafio pode ser ainda maior.
“Antes de qualquer decisão, a primeira pergunta a se fazer é: ‘Você tem estrutura para morar fora?’ Para isso, é necessário estar bem tanto fisicamente quanto mentalmente. Se a saúde mental já estiver fortalecida, 90% do caminho para o sucesso já está garantido.”
Papel dos pais
“Em relação à Ticiane Pinheiro, ela está simplesmente desempenhando o papel de mãe — se preocupando, sentindo o coração apertado. O grande desafio de uma mudança como essa está justamente no impacto familiar. Mesmo que a família tenha incentivado essa ideia ao longo dos anos, o momento da concretização pode gerar conflitos. É aí que mora o grande problema”, diz Alexander Bez.
De acordo com o psicólogo, tanto os filhos quanto os pais precisam ter estrutura emocional para lidar com essa separação. “Os pais devem estar prontos para aceitar que o filho estará longe, enquanto o filho deve estar preparado para essa nova realidade sem o suporte diário da família.”
“É uma situação desafiadora e, para muitas famílias, inevitavelmente conflituosa. Lidar com esse conflito e gerenciá-lo de forma saudável será o grande desafio dessa transição. No fim, tudo depende do contexto familiar e de uma série de fatores psicológicos e emocionais que variam de pessoa para pessoa”, completa.