O MPSP (Ministério Público de São Paulo) denunciou 12 pessoas por associação ao PCC (Primeiro Comando da Capital), incluindo três advogados e ex-dirigentes da ONG Pacto Social e Carcerário. Os envolvidos já haviam sido presos durante a Operação Scream Fake, deflagrada no dia 14 de janeiro pela Polícia Civil e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do ministério.
A apuração do caso começou ainda em 2021, quando foram apreendidos na Penitenciária Presidente Venceslau 2 (SP), alguns cartões de memória com uma visitante de um detento. Os objetos acabaram sendo encaminhados à polícia e periciados.
Após a análise dos objetos, teve início a Operação Scream Fake, que cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão na capital paulista e nas cidades de Guarulhos, Presidente Prudente, Flórida Paulista, Irapuru, Presidente Venceslau e Ribeirão Preto, e em Londrina (PR).
“Durante a análise desses cartões de memória, houve a constatação de que setor de ‘gravatas’ — descoberto em 2016, que consistia na utilização de advogados como mensageiros do crime organizado — continuava atuando e prestava contas ao PCC”, afirmou o promotor. “Tínhamos ali relatórios e planilhas fazendo referência ao setor da saúde do PCC”, explicou o promotor do caso, Lincoln Gakiya, ao site IstoÉ.
Esse setor é responsável por fornecer a alguns detentos atendimento médico e odontológico particulares.
Envolvimento da ONG
O promotor explica que, nos cartões de memória apreendidos, foram encontradas prestações de contas relacionadas à ONG Pacto Social e Carcerário, uma organização criada pelo PCC em 2016. De acordo com as investigações, a ONG era utilizada para simular violações de direitos humanos no sistema prisional e para incitar manifestações contra os administradores dos presídios, conforme ordens da cúpula da facção.
Entre os denunciados estão os presidentes da ONG, Luciene Neves Ferreira e Geraldo Sales da Costa, além dos advogados suspeitos de ligação com o PCC.
Segundo Lincoln Gakiya , o dirigente da Pacto Social e Carcerário tem diversas passagens pelo sistema penitenciário.
Com base nessas evidências, a Justiça determinou a suspensão das atividades da ONG e a remoção de seus conteúdos das redes sociais. “Além disso, solicitamos a prisão de 12 pessoas, e algumas delas já foram detidas”, explicou o promotor.
Ele também destacou que os documentos, celulares e computadores apreendidos durante a Operação Scream Fake poderão servir como base para o início de novas investigações.