No meio da maior pressão sofrida pela cabeça de um titular do primeiro escalão do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu permanecer com Nísia Trindade à frente do Ministério da Saúde.

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O mandatário teve uma reunião com Nísia Trindade no Palácio do Planalto, na terça-feira, 19, em que cobrou ações efetivas no combate à dengue. Além disso, questionou a ministra sobre a metodologia de destinação de emendas parlamentares e a relação dela com os deputados e senadores.

Antes disso, ele havia conversado com a ministra sobre a crise em hospitais federais do Rio de Janeiro, com denúncias de irregularidades e negligência nas unidades. Após o puxão de orelha, o Ministério da Saúde anunciou a exoneração de Alexandre Telles, diretor do DGH (Departamento de Gestão Hospitalar), na noite de segunda-feira, 18.

Na terça-feira, 19, foi a vez de Helvécio Miranda Magalhães Júnior, secretário da Atenção Especializada à Saúde da pasta, ser demitido por causa da mesma crise.

Outro episódio que provocou mal-estar foi a nota técnica divulgada pelo Ministério da Saúde que derrubava uma orientação do governo Bolsonaro que fixava prazo para o aborto legal. Depois, a ministra informou que tomou conhecimento sobre o ocorrido durante um evento em Boa Vista (RR) e determinou a suspensão da nota.

Mudança de postura

Após sofrer pressão tanto da direita quanto da esquerda, Nísia Trindade destravou o envio de verbas a bases eleitorais de parlamentares e ampliou o diálogo com integrantes da oposição. Desde o dia 13 de março, R$ 677 milhões foram distribuídos para estados e municípios que atenderam aos critérios estabelecidos pelo ministério.

Mesmo assim, a pressão para que a ministra deixe o cargo continua, principalmente por parlamentares que compõem o conjunto conhecido como “Centrão” em troca de aumentar a base de apoio ao governo Lula.

Na terça-feira, 19, Lula afirmou durante a reunião ministerial que tem muito orgulho de ter escolhido Nísia Trindade para comandar o Ministério da Saúde. “Então estou dizendo isso porque estamos em um período que o Congresso está de férias e todo dia eu leio nos jornais a troca de ministros. Eu já troquei todo mundo, só falta eu mesmo me trocar. Deixa eu falar uma coisa pra vocês. Eu vou viajar agora, eu disse pra Nísia já publicamente. Tem ministros que não são trocáveis. Tem pessoas e tem funções que são uma coisa da escolha pessoal do presidente. Ela não é ministra do Brasil, ela é minha ministra”, completou.

Em entrevista à GloboNews nesta quarta-feira, 20, a ministra afirmou que nunca faltou diálogo com qualquer partido, pois “a saúde é uma das pautas que realmente deveria unir o Brasil”.

Sobre as críticas que vem sofrendo pelo PT, Nísia ressaltou que tem conversado com os parlamentares da legenda, já que eles “buscaram dar a sua contribuição indicando também nomes técnicos, alguns de membros do partido, outros não”.