A crise entre os servidores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com o presidente do órgão, Marcio Pochmann, teve início após a criação de uma fundação com a finalidade para captar dinheiro. Com críticas a atual gestão, foi elaborada uma carta apócrifa pedindo a exoneração de Pochmann.
Criado em 12 de julho de 2024, o IBGE+ tem como intuito receber dinheiro, não apenas do orçamento federal — mas de ministérios, bancos públicos e autarquias como pagamento por pesquisas e outros projetos –, para a realização de levantamento de dados e inovação.
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Os servidores afirmam que a criação do IBGE+ foi feita sem autorização por lei, algo que é necessário, e também não houve discussão interna sobre o assunto.
Para os funcionários, a nova fundação pode tirar a autonomia e credibilidade do IBGE. Por meio de carta, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE afirmou que a contratação ilimitada de pessoas externas e a pressão geradas por acordos com empresas podem levar à captura da produção do órgão para interesses privados.
No dia 27 de janeiro, Pochmann esteve no Palácio do Planalto. Depois, relatou a jornalistas que se reuniu com o chefe de gabinete pessoal de Lula, Marco Aurélio Santana Ribeiro, para levantar mais recursos ao órgão. “Essa é a minha preocupação”, disse.
Porém o órgão discorda disso e ressalta que cerca de 90% do orçamento é direcionado aos salários dos servidores, para pesquisas são direcionados menos de 5%, fazendo com que metade dos funcionários atuem sem infraestrutura adequada.
Protesto
A crise que vem se agravando no IBGE culminou em mais um protesto organizado pelo sindicato na manhã desta quarta-feira, 29. Os servidores se concentraram na Avenida Franklin Roosevelt, em frente à sede do instituto no Rio de Janeiro, para reivindicar a criação do IBGE+ e contra o que chamam de “medidas autoritárias” do presidente Marcio Pochmann.
Além disso, essa instabilidade no órgão teria resultado na produção de indicadores que afetam a distribuição de dinheiro pelo governo federal aos municípios brasileiros e outras dinâmicas diretamente relacionadas à vida de cada cidadão.
O pagamento de royalties de petróleo e gás natural é um exemplo disso. A Agência Nacional do Petróleo informa semestralmente o IBGE sobre os poços produtores marítimos em operação para que o órgão defina, com base nas informações a respeito dos limites das cidades, quais municípios receberão dinheiro do governo federal relacionado à produção dos combustíveis nesses locais.
Pochmann foi indicado ao cargo pelo presidente Lula e a questão já teria sido discutida no Planalto. No entanto a ministra do Planejamento, Simone Tebet, — pasta a qual o IBGE é submetido — não fica à vontade de dispensar um indicado pelo mandatário.