A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris será realizada no rio Sena, e os ensaios começarão em março, revela o diretor artístico das cerimônias olímpicas e paralímpicas, Thomas Jolly, em entrevista à AFP.

É a primeira vez que a cerimônia, marcada para 26 de julho, acontece fora de um estádio.

Em entrevista à AFP, Jolly e Thierry Reboul, diretor das cerimônias dos Jogos de Paris, detalharam o percurso deste desfile fluvial de três horas, com espetáculos ao longo de seis quilômetros protagonizados por centenas de artistas.

Pergunta: Como vão os preparativos?

Thomas Jolly: “O primeiro trabalho, o de construir, em conjunto com os artistas, toda uma história ao longo destes seis quilômetros, foi validado em julho de 2023.

O conceito passou para a fase de estudo de viabilidade: o Sena não tem a mesma profundidade de um local para outro, o vento não sopra da mesma forma em cada ponte, (deve-se) evitar perturbar os habitats naturais da biodiversidade. Este estudo foi concluído no final de 2023. Sonho e realidade estão hoje 90% harmoniosamente combinados. Restam 10% para adaptação. Muitos cenários já estão sendo construídos. Os artistas já foram contatados, e os ensaios podem começar a partir de março”.

P: Como serão realizados os ensaios?

Thomas Jolly: “O espetáculo não poderá ser ensaiado no rio. Os ensaios acontecerão em ambientes fechados, em grandes hangares e em uma base náutica, para tudo que envolve a água como material. Serão ensaios fragmentados. Nos dias anteriores à cerimônia, poderemos uni-los, para que depois todos possam descobrir a montagem final”.

P: Qual é o papel dos barcos?

Thierry Reboul: “Temos cerca de 100 barcos para as delegações, que são quase 200 no total. Elas embarcarão antes da Ponte Austerlitz, em um cais de três quilômetros de extensão. É uma logística enorme. Eles seguirão um atrás do outro, com distâncias calculadas ao segundo. Já fizemos uma série de testes, vamos fazer mais com metade da frota e depois com 100%, para que os capitães das embarcações estejam familiarizados”.

P: Como será a cerimônia?

Thomas Jolly: “Uma dúzia de apresentações acontecerão da Ponte de Austerlitz ao Trocadéro. Serão protagonizadas por delegações de atletas e animadas por artistas de todas as modalidades: circo, dança, música, performance, artes plásticas etc”.

P: Algum código foi quebrado?

Thomas Jolly: “Normalmente, uma cerimônia tem 45 minutos de espetáculo artístico, duas horas de desfile de delegações e uma hora de elementos protocolares. Quis entrelaçar estes três principais eixos habituais, integrando os elementos protocolares no artístico, o desfile no artístico, para que tudo isso forme uma grande festa homogênea”.

P: Qual é a filosofia da cerimônia?

Thomas Jolly: “O mundo inteiro estará observando Paris. Na televisão, serão entre 1 bilhão e 2 bilhões de espectadores. É hora de perguntar: quem somos nós? Para onde vamos? O relato que escrevemos conta a história do que é a França, presente ao longo do rio com todos os seus monumentos, e do que a França será. Quero que cada espectador se sinta representado. A França é Edith Piaf e (o rapper) Jul, ou (a soprano) Natalie Dessay. É uma variedade de gêneros musicais. A França é queijo, mas também pretzel, cuscuz. É uma grande diversidade. A ideia é reafirmar que a França é uma história que se enriquece constantemente”.

P: Em caso de chuva ou problemas de segurança, há um plano B?

Thierry Reboul: “Existem vários planos de contingência. Por exemplo, se chover, sabemos que, em um determinado nível de previsão, distribuiremos capas. Listamos tudo o que pode acontecer e quais respostas podemos fornecer”.

Thomas Jolly: “Temos muitos planos possíveis. Mas o local da cerimônia continuará sendo o Sena. E continuará aberto ao público na cidade”.

P: A cerimônia passará em frente à Catedral de Notre-Dame. Como vão integrá-la?

Thomas Jolly: “É uma noite de festa, não podemos deixar de prestar homenagem a esta nova flecha que subirá no céu de Paris”.

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