Com o fim das convenções dos principais partidos que disputarão a Presidência em outubro, começa agora, para valer, a campanha eleitoral que elegerá, dentro de dois meses, o novo presidente. Sem ninguém expressivo na terceira via ou um candidato alternativo suficientemente forte para enfrentar Lula ou Bolsonaro, chegamos à triste constatação de que o Brasil voltará a ser governado por um dos dois representantes do extremismo e do populismo, que tanto mal fez ao Brasil nas últimas décadas. Com os doze candidatos chancelados pelos partidos nas convenções, não resta dúvida de que a polarização entre o bolsonarismo e o lulopetismo seguirá até o final e um dos dois vencerá o pleito, no primeiro ou no segundo turno. Não há a mínima possibilidade de surgir um terceiro nome.

Esquerda

A chapa do PT com o PSB foi a primeira a ser formalizada e é a que tem mais chances de vencer. Lula disputará a sexta eleição para presidente, das quais já venceu duas (2002 e 2006), enquanto que o vice Geraldo Alckmin, que foi governador de
São Paulo pelo PSDB por quatro vezes, já disputou a presidência em outras duas ocasiões (2006 e 2018).

Direita

Bolsonaro teve a chapa chancelada pelo PL no domingo, 24, no Rio, tendo Walter Braga Netto  de vice. A aprovação da dobradinha bolsonarista para disputar a reeleição teve um gesto simbólico. Ao escolher um general para vice, Bolsonaro procurou mostrar que terá as Forças Armadas ao seu lado caso perca para Lula, mesmo isso sendo uma heresia.

Como Damares foi traída

Evandro Leal/Agência Enquadrar

Damares Alves sentiu na pele a força da traíção de Jair Messias. Ela esperava ser candidata ao Senado pelo DF com apoio de Bolsonaro, mas levou uma rasteira. O presidente optou por Flávia Arruda para a vaga de senadora na chapa bolsonarista encabeçada pelo governador Ibaneis Rocha. O marido de Flávia, o ex-governador José Roberto Arruda, preso por corrupção no passado, será candidato a deputado federal.

Retrato falado

“Há risco real de um autogolpe no Brasil” (Crédito:Karime Xavier)

O cientista político Steven Levitsky, da universidade Harvard e autor do best-seller “Como as Democracias Morrem”, disse ao “Estadão” que a recente onda de ataques de Bolsonaro à Justiça Eleitoral e ao sistema das urnas eletrônicas acende no Brasil o alerta para a possibilidade de acontecer um episódio semelhante ao que aconteceu nos Estados Unidos no dia 6 de janeiro de 2021, quando Trump mandou seus aliados invadirem o Capitólio para não permitir a vitória de Biden.

Brasil envelhece

Que o brasileiro está ficando mais pobre todo mundo sabe, mas o IGBE divulgou dados de uma pesquisa feita com base em levantamentos de 2012 a 2021 mostrando que há uma tendência grande de envelhecimento da população, com uma queda no número de pessoas mais jovens, em comparação com o aumento da população com mais de 30 anos. Gente dessa faixa de idade subiu de 50,1% da população em 2012 para 56,1% em 2021 (aumentou de 99,1 milhões para 119,3 milhões). A proporção de pessoas com mais de 60 anos aumentou de 11,3% para 14,7% entre 2012 e 2021, com uma alta de 39,8% (cresceu de 22,3 milhões para 31,2 milhões). E a tendência é envelhecer ainda mais.

Censo

Para traçar o perfil da população, o IBGE dará início ao novo censo, que começa nesta semana em todo o País. Pelos dados atuais, o Brasil possui 212,7 milhões de brasileiros. Analistas dizem que o número de habitantes não vai ter uma explosão, já que somente no ano passado a Covid matou 670 mil pessoas.

Mordomias do Senado

O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, curtiu o recesso parlamentar em Miami (EUA). Embora tenha embarcado a lazer e não para atender compromissos oficiais, a viagem de 13 dias custou aos cofres públicos. É que o parlamentar levou a tiracolo dois policiais legislativos, responsáveis por sua segurança, que receberam R$ 59,1 mil em diárias.

Ton Molina

No muro

Pacheco é aquele que faz um indisfarçável jogo duplo. Ao deixar a CPI do MEC para depois das eleições, favorece Bolsonaro, assim como já havia feito ao se negar a abrir a CPI da Covid – só abriu por ordem do STF. Em outros momentos, como líder do PSD de Gilberto Kassab, faz discurso de oposição e critica o governo, com ataques ao presidente.

A fiel bolsonarista

Nada parece abalar o prestígio de Bolsonaro junto a Regina Duarte. Enxotada do governo federal, a atriz criou um perfil no Instagram para fazer a defesa do presidente e criticar Lula. Na página intitulada “Liberdade Abre Asas”, ela conclama a população, inclusive, a comparecer aos atos do Sete de Setembro, quando Bolsonaro pretende realizar mais um ataque ao sistema eleitoral.

Toma lá dá cá

Kim Kataguiri (União-SP), deputado e líder do MBL (Crédito:Maryanna Oliveira)

O União Brasil deve escolher um lado no segundo turno entre Lula e Bolsonaro?
Espero a neutralidade. Defendo que o partido esteja na oposição, independentemente de quem vença, porque são dois projetos corruptos e autoritários  de poder que precisam ser combatidos.

O sr. não usará fundo eleitoral. Considera que a vaquinha virtual tem sido bem-sucedida?
Estou batendo a marca de R$ 100 mil  em doações, o que representa o dobro do que arrecadei na vaquinha de 2018.

Como vê a postura de Lira diante da escalada dos ataques de Bolsonaro à democracia?
Ele tem sido omisso. Bolsonaro descredibiliza o País. Prevendo sua derrota, prepara o campo para um golpe de Estado ou para insuflar a população contra o TSE.

Rápidas

* Ana Arraes, presidente do TCU, está se aposentando após fazer 75 anos. Em seu lugar ficará interinamente Bruno Dantas. A vaga de Ana será preenchida por alguém da Câmara: Arthur Lira já acertou que a boquinha será do deputado Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR).

* Ciro Gomes está cada vez mais isolado. Rompeu acordo de 16 anos entre o PT e o PDT para o governo do Ceará. Lançou Roberto Cláudio (PDT) para governador, enquanto o PT apoiava a atual governadora Izolda Cela.

* Lula passou vexame em visita a Recife na semana passada, onde esteve para apoiar Danilo Cabral, candidato do PSB a governador na aliança com o PT. O socialista foi vaiado, enquanto a ex-petista Marília Arraes foi aplaudida.

* Bolsonaro não se emenda. Nomeou o advogado Téssio da Silva Torres para o cargo de desembargador do TRT da 22ª Região, com sede em Teresina. Ele é cunhado de “Eduardo Imperador”, investigado por fraudes na Codevasf.