Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Engie Brasil participará do leilão de transmissão de energia em junho e buscará um volume razoável de investimentos para continuar sua estratégia de crescimento e diversificação de portfólio, afirmou nesta sexta-feira o presidente, Eduardo Sattamini, em conferência com analistas de mercado.

O executivo pontuou que o certame poderá apresentar importante competição, uma vez que grandes players estudam participação, e afirmou ter confiança de que o time da Engie estará preparado para atuar da melhor forma possível para sair vitorioso.

“A expectativa de competição é sempre grande… A gente reforçou bastante nossos time de suporte e desenvolvimento nesses últimos meses para que a gente pudesse estudar um número maior de lotes”, disse Sattamini.

Ele disse ter “certeza” de que a companhia fez o melhor trabalho para buscar a negociação mais adequada com fornecedores, prestadores de serviços, em preparação para o leilão do próximo mês.

“Vamos estar presentes, vamos buscar um volume razoável de investimentos para que a gente possa continuar nossa estratégia de crescimento e diversificação de portfólio.”

Os projetos incluídos no leilão de junho deverão demandar 15,8 bilhões de reais, segundo previsão da reguladora Aneel.

LEILÃO DE CAPACIDADE

O novo diretor financeiro, Eduardo Takamori, também pontuou que a empresa aguarda mais informações do governo para o leilão de capacidade neste ano, mas que a companhia acredita que poderá ser uma boa oportunidade para participar com as usinas Miranda e Salto Santiago.

“Essas usinas já têm espaço, capacidade técnica para fazer isso, poderia adicionar capacidade instalada importante para a empresa além de naturalmente permitir a absorção de mais fontes renováveis para o Brasil”, afirmou, pontuando que as hidrelétricas são fundamentais para a expansão de fontes renováveis.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de o leilão de capacidade ter a presença de fontes diferentes, como hídricas e térmicas, Takamori afirmou que a empresa acredita que a competição é sempre o melhor caminho.

Nessa linha, Sattamini criticou uma ideia colocada no mercado sobre a possibilidade de fazer um leilão específico para eólicas offshore (marítimas), algo que ainda não existe no Brasil e que também ainda exige regulação.

“A competição faz com que a alocação seja a mais eficiente possível, não adianta querer colocar eólica offshore nesse momento através de leilão específico, porque isso vai gerar distorção e ineficiência”, disse ele.

EXPORTAÇÃO DE ENERGIA

Sattamini também comentou estudos do governo brasileiro sobre um potencial acordo regional na América do Sul de integração para a comercialização de energia, em momento em que o governo lida com excesso de oferta, com reservatórios de hidrelétricas em níveis recordes, e outros países sofrem com escassez.

O Brasil começou neste ano a exportar energia elétrica para Argentina e Uruguai sob uma nova modalidade, envolvendo transações comerciais de energia excedente produzida quando há vertimento nos reservatórios de usinas hidrelétricas. No mês passado, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o país voltou a atuar na cooperação e integração energética com os países da América do Sul.

“Nós estamos tentando perenizar essa exportação. A gente hoje tem excesso de oferta de energia no Brasil e a gente tem carência de energia em outros países da América Latina”, ressaltou Sattamini.

O executivo pontuou que a exportação de energia poderia ser pensada de uma forma mais integrada, envolvendo outros países da América do Sul.

“A gente então está pensando na exportação para Argentina com subsequente exportação de gás para o Chile, fazendo essa integração acontecer. Então essa perenidade que a gente quer, e isso vai obviamente diminuir um pouco desse excesso de oferta que a gente tem no Brasil”, disse Sattamini.

(Por Marta Nogueira)

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