O endividamento da Embraer atingiu R$ 13,585 bilhões ao final do primeiro trimestre de 2017, uma alta de 10,8% em relação aos R$ 12,254 bilhões registrados em dezembro de 2016. A companhia encerrou o primeiro trimestre do ano com um caixa total de R$ 11,032 bilhões, o que implica numa posição de dívida líquida de R$ 2,553 bilhões.

Ao final de março deste ano, as dívidas de curto prazo somavam R$ 1,023 bilhão (8%), enquanto o endividamento de longo prazo totalizava R$ 12,562 bilhões (92%). O prazo médio do endividamento subiu de 5,3 anos no fim do ano passado para 6,3 anos no término do primeiro trimestre deste ano.

A Embraer lembra que o aumento no prazo médio do endividamento está relacionado à emissão feita em janeiro de US$ 750 milhões em títulos de dívida com uma taxa de juros (cupom) de 5,4%, com vencimento em 2027.

A relação do Ebitda nos últimos 12 meses ante as despesas sobre os juros recuou, passando de 2,46 vezes no fim do quarto trimestre de 2016 para 2,12 no término do primeiro trimestre desse ano.

A empresa informa que, ao final de março de 2017, 19% da dívida total era denominada em reais, ante 22% no encerramento de 2016. Segundo a empresa, o custo da dívida em reais caiu de 5,0% ao ano (a.a) ao final de 2016 para 4,51% a.a. no primeiro trimestre de 2017 – o custo da dívida em dólar manteve-se estável em 5,12% a.a.

Para 2017, cerca de 45% da exposição em real está protegida caso o dólar se desvalorize abaixo de R$ 3,40. “Para taxas de câmbio acima deste nível, a empresa se beneficiará até um limite médio de R$ 3,76 por dólar”, diz a Embraer.

Uso livre de caixa

A Embraer registrou uso livre de caixa ajustado de R$ 647,3 milhões no primeiro trimestre de 2017, montante 25,8% menor que o verificado no mesmo intervalo de 2015, quando o uso de caixa foi de R$ 872,7 milhões.

O menor uso de caixa foi influenciado principalmente pelas menores adições líquidas ao imobilizado – entre janeiro e março deste ano, a linha totalizou R$ 109,6 milhões, montante 63,3% menor que o verificado há um ano, de R$ 298,7 milhões.

Além disso, as adições ao intangível nos primeiros três meses de 2017 também foram menores na comparação com o mesmo intervalo de 2016, somando R$ 367,8 milhões ante R$ 432 milhões há um ano. Por outro lado, o caixa líquido usado pelas atividades operacionais cresceu 55,1% em um ano, passando de R$ 142 milhões para R$ 220,3 milhões.

“Apesar do crescimento no caixa líquido usado pelas atividades operacionais, o principal fator que resultou em um menor uso livre de caixa ajustado no primeiro trimestre de 2017 foi a variação cambial no período em que houve desvalorização de 19% do dólar frente ao real, além da queda significativa das adições líquidas ao imobilizado”, destaca a empresa.

A Embraer ainda informa que entre janeiro e março de 2017 houve um ajuste de R$ 50,4 milhões relacionado aos impactos não recorrentes no caixa – no mesmo intervalo de 2016, não houve ajustes dessa natureza.

Provisões

A Embraer acredita que, até o momento, não existe uma base adequada para estimar provisões relacionadas à ação coletiva (putative securities classe action) ajuizada num tribunal norte-americano em face da companhia e de alguns de seus administradores, tanto atuais quanto antigos.

A ação, que diz respeito a danos sofridos em função de supostas declarações enganosas da companhia em relação às investigações do Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) e assuntos correlatos, foi ajuizada em agosto de 2016. “Em outubro de 2016, um tribunal federal de Nova Iorque nomeou um autor principal (lead plaintiff) e um advogado principal (leading counsel) para a ação coletiva”, diz a empresa, no informe de resultados trimestrais.

A Embraer ainda informa que, em dezembro do ano passado, o autor principal apresentou um aditamento ao pedido inicial, e que o Tribunal ainda não emitiu um cronograma de instrução para o pedido de julgamento antecipado a favor da companhia (motion to dismiss) e outros aspectos processuais do caso.