Desde tempos imemoriais, a humanidade contempla e tenta entender o universo. E essa sede de conhecimento estelar é algo que, mesmo sendo custoso e perigoso, baliza a atuação de governos, nações e até de bilionários excêntricos. Nos últimos anos, a China aumentou consideravelmente sua atuação nesse ramo científico. O país enviou missões espaciais para o lado escuro da Lua e conseguiu chegar à superfície de Marte. Também implantou três estações espaciais em órbita terrestre, além de criar o potente foguete Longa Marcha 5. Por isso, é irrefutável sua consolidação entre as nações mais atuantes na exploração do cosmos. E, agora, o país mais uma vez surpreende com a inauguração do maior museu de astronomia do mundo, o Shangai Astronomy Museum, que faz parte do Museu de Ciências e Tecnologia da cidade de Shangai.

INFORMAÇÃO Ilusão de falta de gravidade e visão abrangente do espaço sideral (Crédito:FANG ZHE)

Arquitetonicamente o museu é uma obra de arte grandiosa e futurista. O design do prédio é inspirado nas órbitas dos corpos celestes e na geometria do espaço, e, pensando nessa complexidade, não há uma só parte da estrutura que seja reta. A opção de desenho escolhida pela Ennead Architects, empresa norte-americana de arquitetura, que venceu o concurso para construção do projeto em 2014, foi a curva. O prédio tem 420 mil m2 e vai receber exposições, mas não só. Cada uma de suas estruturas representa uma experiência à parte e um estímulo à curiosidade.

O chamado Oculus, por exemplo, situado logo na entrada principal do edifício, demonstra a passagem do tempo, pois há uma plataforma circular que reflete o posicionamento do Sol. É como se fosse um relógio em praça pública. A Esfera é um elemento que abriga o teatro planetário, no centro da construção. Ao observá-la, o visitante tem uma ilusão de ausência de peso ou gravidade, pois a estrutura foi propositalmente projetada com o mínimo de suporte, o que a faz parecer um objeto solto no ar. O ponto final da exposição é a Cúpula Invertida, estrutura de vidro em espiral de 720 graus. Através da Cúpula é possível ter uma visão abrangente do espaço sideral. Para o professor do departamento de astronomia do IAG/USP, Roberto Dell’Aglio Costa, o museu representa um grande avanço científico e vai se tornar um centro de difusão e produção do conhecimento “Gente do mundo inteiro vai se interessar em contemplar os astros por causa do museu”, acredita. Para os chineses, o museu astronômico é também uma demonstração de poder tecnológico na nova era de viagens espaciais.