Mais de 10.000 edifícios residenciais foram danificados nas regiões russas dos Urais, do Volga e da Sibéria Ocidental, anunciaram as autoridades nesta segunda-feira (8), por enchentes não eram observadas há décadas que causaram milhares de evacuações.

As enchentes de magnitude excepcional foram causadas nos últimos dias por fortes chuvas associadas ao aumento da temperatura, ao degelo crescente e à quebra do gelo invernal que cobre os rios.

Até o momento, não há registros de vítimas relacionadas ao desastre.

“Mais de 10.400 imóveis residenciais estão inundados”, disse o Ministério de Emergências da Rússia nesta segunda-feira.

Segundo o Kremlin, os governadores das regiões de Orenburg, Kurgan, Tyumen e o ministro de Situações de Emergência relataram nesta segunda-feira a situação ao presidente Vladimir Putin, que ordenou a criação de uma comissão especial.

Putin não planeja visitar o local, segundo seu porta-voz, Dmitri Peskov, que acredita que a situação “vai piorar ainda mais”.

A maioria das retiradas de moradores ocorre atualmente na região de Orenburg, na fronteira com o Cazaquistão. Mais de 6.100 pessoas foram retiradas, incluindo 1.400 crianças, disseram as autoridades locais nesta segunda-feira.

Grande parte da segunda maior cidade da região, Orsk (220 mil habitantes), foi inundada após o rompimento de uma barragem perto do rio Ural na noite de sexta-feira.

Imagens publicadas pela imprensa russa mostram o centro da cidade e bairros cobertos de água.

Segundo as autoridades locais, o nível do rio em Orsk subiu de 16 centímetros na capital regional Orenburg (570 mil habitantes) para 872 centímetros.

– Sem precedentes –

A agência meteorológica oficial da Rússia, Rosguidromet, anunciou um pico de enchentes em Orenburg e arredores na quarta-feira. O prefeito da cidade indicou que a região não sofria enchentes dessa magnitude há décadas.

“Há muito tempo que não víamos tanta água em Orenburg. A última inundação deste tipo data de 1942”, sublinhou o prefeito Sergei Salmin, citado pela imprensa russa.

Na sua conta no Telegram, indicou que 1.535 imóveis residenciais foram danificados e pediu aos habitantes das zonas inundadas que as evacuassem “porque a situação vai piorar nos próximos dois dias”.

Mais de 570 pessoas foram levadas para a região de Kurgan, também na fronteira com o Cazaquistão, detalharam as autoridades regionais nesta segunda-feira, temendo uma cheia do rio Tobol.

Várias centenas de quilômetros ao norte, a grande cidade de Tyumen (800 mil habitantes), capital da região que leva o mesmo nome, também poderá ser afetada pelas enchentes, comentou o vice-ministro das Emergências, Viktor Iatsutsenko, citado pela agência Ria Novosti.

A Rússia é regularmente afetada por fenômenos meteorológicos extremos, como enchentes ou incêndios florestais devastadores, muitas vezes acentuados pelos efeitos da mudança climática.

Putin, cujo país é um grande produtor de hidrocarbonetos, não nega a realidade da mudança climática, mas expressa dúvidas de que seja resultado de atividades humanas.

No entanto, garantiu que a adaptação da Rússia e das suas infraestruturas aos desafios do aquecimento global é uma prioridade.

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