O campeão do clima para a COP30, Dan Ioschpe, garantiu a participação efetiva do setor empresarial no evento mesmo com a crise gerada pelo alto preço das hospedagens em Belém (PA) e diz acreditar em alternativas para resolver o impasse com os governos de outros países. Ioschpe defendeu dar prioridade ao tema para evitar o esvaziamento da conferência do clima.
Nos últimos meses, os valores de hospedagens em hotéis e apartamentos por temporada dispararam na capital paraense às vésperas da COP30. Em alguns locais, o valor das diárias passam dos R$ 100 mil. Em um hotel, por exemplo, a diária saltou de R$ 70 para R$ 6,3 mil.
Mesmo com os altos valores, Ioschpe acredita no sucesso da conferência no Brasil e soluções devem ser encontradas a curto prazo. Ele reforçou que o setor não governamental não deve ser impactado, pois o orçamento para o evento é mais flexível.
“Eu não quero minimizar o tema, mas do lado dos negócios tem muito mais flexibilidade. As empresas podem alocar o seu orçamento de diversas formas. O que estamos vendo é que muitas empresas já têm suas hospedagens, os locais de showcase, demonstrações e tudo está muito avançado. Acho que aqui [do lado empresarial] o problema é menor que nos governos, que têm menos flexibilidade e mais restrições regulamentares dos países”, disse.
“Acho correto que o governo brasileiro coloque um olhar muito atento sobre isso, até mesmo à frente dos pensamentos sobre temas da sociedade não governamental, que tem muito mais flexibilidade”, completou o empresário.
Ioschpe ainda coloca como “um bom problema” o deslocamento de empresários para diversas cidades do país durante a COP30. Eventos paralelos estão previstos em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília até a abertura oficial da conferência.
“Grandes líderes, formuladores e negociadores não estão só em Belém, mas estarão no Rio, em São Paulo e em outras cidades do país. Os líderes empresariais precisarão de uma habilidade para atender as demandas e participais dos eventos em diferentes cidades, mas vejo isso como um bom problema”, pontua.
Em reunião com o presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, países asiáticos e africanos reclamaram dos preços e ameaçaram esvaziar o evento caso uma solução não fosse encontrada. Eles ainda sugeriram a mudança do local do encontro entre as autoridades para cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.
Após o encontro, Corrêa do Lago afirmou que tentaria encaixar hospedagens no valor máximo de US$ 200. Em outra frente, o governo federal e do Pará tentam assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para a redução dos preços das hospedagens. O tema ainda está em discussão com o Ministério Público do estado.
Dan Ioschpe descartou a possibilidade de mudança de local e defendeu a importância da discussão na Amazônia e lembrou que outras COP’s, como a do Azerbaijão, tiveram problemas parecidos. Na visão do empresário, é preciso que haja convergência entre o evento e a cidade para garantir o sucesso da conferência.
“Fazer uma COP em Belém, no coração da floresta amazônica, é um privilégio. O lugar [a floresta] é o maior atrativo em relação ao tema da descarbonização no mundo. Agora, Belém é uma cidade de tamanho médio e a COP é o maior evento da ONU no mundo. É um fato que precisamos nos adaptar, mas o evento também terá que se moldar à cidade escolhida”.
“Eu acredito que a COP será muito bem sucedida e que vamos encontrar soluções para os impasses que estão aí. As COPs, em geral, passaram por debates parecidos e encontraram soluções. Nós vamos pelo mesmo caminho”, completou Ioschpe.