A Dersa, responsável pelas obras da Jacu-Pêssego e do Rodoanel, informou que nunca manteve qualquer “contrato com a Legend Associados”, ligadas ao empresário Adir Assad, condenado pelo juiz Sérgio Moro a 9 anos e 10 meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa ao utilizar as empresas de fachada para fazer o pagamento de ao menos R$ 40 milhões em propinas da Petrobras. Ao depor ao juiz Moro, Assad admitiu sua participação na Legend.

Ao mapear as movimentações financeiras da Andrade Gutierrez, a Lava Jato encontrou repasses de R$ 45 milhões feitos pela empreiteira para a Legend e para a SP Terraplenagem, empresas de fachada ligadas a um dos acusados de operar propinas no esquema de corrupção na Petrobras que estão relacionados a três importantes obras do governo de São Paulo, durante as gestões dos tucanos José Serra (2007-2010) e Alberto Goldman (2010).

Nas obras do Rodoanel, em 2009, a Andrade Gutierrez participava de consórcio responsável pela execução do trecho sul. “A análise dos contratos é permanente.” Ela também informou não manter qualquer contrato com a SP Terraplenagem.

O Metrô afirmou que não possui, nunca teve contrato ou efetuou pagamentos à empresa Legend Engenheiros Associados. “A Andrade Gutierrez foi responsável pelas obras do lote 8 da Linha 2-Verde. As obras foram iniciadas em dezembro de 2007 e concluídas em 21 de agosto de 2010, no governo anterior”, diz a nota.

Procurados pela reportagem, a defesas do empresário Adir Assad, o senador José Serra e o ex-governador Alberto Goldman, não foram localizados. A Andrade Gutierrez informou que não iria comentar o teor do laudo. Executivos da empreiteira firmaram acordo de delação premiada.

Investigação

O mapeamento do caminho do dinheiro da Andrade foi feito em laudo por peritos federais. Essa é a primeira vez que os investigadores conseguem verificar quanto as diferentes áreas da empreiteira que cuidavam de cada obra em todo o País repassaram para firmas de fachada, ampliando o leque das investigações para além da Petrobras. Ao todo, as contas contábeis da Andrade e de consórcios dos quais ela participa ligados às obras da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo, ao Rodoanel Mário Covas e ao Complexo Viário Jacu­Pêssego pagaram R$ 45 milhões entre março de 2008 e setembro de 2010 para empresas de fachada.

O laudo da PF não faz acusação ao governo paulista nem a agentes públicos envolvidos nas licitações do Metrô e da Dersa, mas indica que um expediente usado para lavar dinheiro da propina na Petrobras e também no setor elétrico – pagamentos a firmas de fachada – pode ter-se reproduzido em São Paulo.