Os profissionais do setor de novas tecnologias prometeram nesta segunda-feira (27) em Barcelona um “tsunami de inovação”, durante o início do encontro anual mais importante da área, que ocorre sob perspectivas comerciais ruins para a industria.

“O ano passado não foi fácil”, reconheceu o presidente-executivo do grupo Telefónica e presidente da Associação de Operadoras de Telecomunicação (GSMA), José María Álvarez-Pallete, na abertura dos debates deste grande encontro anual de novas tecnologias.

Segundo a GSMA, organizadora do evento, 80.000 profissionais e 2.000 empresas estarão presentes na Mobile World Congress (MWC), cujos oito pavilhões estarão totalmente ocupados pela primeira vez desde a pandemia.

“Acho que estamos na porta de uma era de mudanças” que irá precisar de uma “ruptura radical” diante das dificuldades que o setor enfrenta, acrescentou. Álvarez-Pallete assegurou estar, apesar de tudo, otimista sobre o futuro da indústria das telecomunicações, marcada por um “tsunami de inovação”.

As vendas mundiais de “smartphones” chegaram a 1,2 bilhão em 2022, uma queda de 11,3% que representa o “número mais baixo desde 2013”, de acordo com a agência especializada IDC.

As perspectivas permanecem desfavoráveis para grande parte da industria. Segundo a consultora americana Gartner, é esperado que as vendas de celulares, tablets, e computadores caiam mais 4% neste ano.

“O setor atravessa um momento complicado”, admitiu Thomas Husson, analista da Forrester, um fator irá “pesar” durante o MWC.

As causas deste panorama devem ser buscadas na guerra da Ucrânia, que disparou a inflação e reduziu o poder de compra.

“Em certas regiões, como a Europa Ocidental, a proporção de equipamentos individuais é de 90%. Portanto, são mercados maduros. E o período de renovação é mais longo, porque as pessoas mantêm seus telefones por mais tempo”, explicou Husson.

– Huawei, a maior expositora –

Entre as empresas presentes, destacam-se as gigantes da telefonia Nokia, Samsung, Xiaomi, Orange, Vodafone, além dos grandes nomes da “tecnologia” e da indústria, como Qualcomm, Airbus e Microsoft, seguindo a linha empreendida há anos pela MWC para expandir seu público.

Principal empresa chinesa de telecomunicações, a Huawei será a maior expositora com uma área de 11.000 m2, que segundo a GSMA quebra o recorde da feira.

Esta é uma oportunidade para a grande empresa de equipamentos “feitos na China” mostrar sua “resistência às sanções dos Estados Unidos”, que enfraqueceram muito o ramo telefônico, sem abalar sua “capacidade de inovação” dos serviços das empresas, destacou Thomas Husson.

Além de inovação, esta 17ª edição da feira permitirá que operadoras e companhias de tecnologia abordem a delicada questão do financiamento das infraestruturas, especialmente do 5G, que têm dedicado grandes quantias.

As operadoras pedem há tempos que gigantes da Internet como Netflix e Amazon, grandes consumidores de banda larga, ajudem a pagar pelo 5G. Entretanto, ambas empresas se opõem fortemente.

A situação não é “sustentável”, insistiu nesta segunda-feira a diretora-geral do grupo Orange, Christel Heydemann, que saudou a iniciativa lançada na semana passada pela Comissão Europeia.

A instituição deseja uma “contribuição justa” destas grandes plataformas para financiar as infraestruturas das telecomunicações na União Europeia.

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